Eleições 2024

Suspeito de matar enteada de dois anos na Bahia é executado por grupo criminoso

O suspeito de ter matado e estuprado a própria enteada de apenas dois anos, em Salvador, Bahia, foi morto na noite dessa segunda-feira, 21, depois de ser pego por uma facção criminosa. Em um vídeo, que circula nas redes sociais e que foi obtido pelo portal Correio, é possível ver o ajudante de pedreiro Edson Neri Barbosa, 27 anos, amordaçado, sem roupa e com um ferimento na cabeça.
Ao Correio, um familiar de Ágatha Sophia afirmou que o homem que parece nas imagens é Edson. Ele estava foragido desde o último domingo, 19, dia em que a menina morreu antes mesmo de dar entrada em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para onde foi levada desacordada pela mãe.
Durante as gravações, homens aparecem afirmando que fazem parte de uma facção criminosa. “Olha para a puta aí. A puta está pedindo até por favor agora”, diz um dos homens que registra a cena.
Em um outro momento um outro homem diz: “Vai morrer, viado. Vai morrer. Estrupando os outros, né? (sic)”, fala enquanto o suspeito leva um tapa no rosto. “Mexeu com criança a gente mata, estuprador maldito”, completa o homem com celular em punho.
Ainda de acordo com familiares da menina, na tarde dessa segunda-feira, Jéssica Silva, 21, mãe de Ágatha Sophia, uma irmã e uma tia foram ouvidas pelo Departamento de Homicídio de Proteção à Pessoa (DHPP).
A Polícia Civil informou que equipes da 1ª Delegacia de Homicídios – Atlântico (DH / Atlântico) da DHPP investigam a morte de um homem, que teve o corpo encontrado com marcas de tiros, na estrada do Cia / Aeroporto, na noite dessa segunda-feira. “A polícia aguarda laudo pericial do IML para identificação da vítima”, afirmou a polícia.
Abuso sexual
De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria da Saúde de Salvador (SMS), Ágatha deu entrada na unidade de saúde na companhia da mãe e já sem sinais vitais. Uma equipe de médicos que estava de plantão realizou procedimentos a fim de reanimá-la, mas a menina já estava morta.
Ainda de acordo com a pasta, não há como saber a causa da morte. “A SMS esclarece que não realiza investigação da causa da morte, procedimento de anuência do IML, local para onde o corpo foi encaminhado”, disse em nota.
Contudo, parentes afirmam que os próprios médicos da unidade os alertaram sobre a possibilidade da menina ter sido abusada sexualmente antes de sofrer uma parada cardiorrespiratória – o que teria sido a causa da sua morte.
De acordo com o Departamento de Polícia Técnica (DPT), o laudo que atesta o que matou a menina só deve ficar pronto em 15 dias, podendo ser prorrogado caso haja necessidade. O DPT não informou quais exames seriam realizados no corpo de Ágatha.
Dia do crime
A diarista Jéssica de Jesus, 21 anos, disse ao Correio que saiu de casa no último sábado, 19, para realizar uma faxina. Depois do expediente, decidiu não voltar para casa e foi ao encontro de algumas amigas no bairro de Tancredo Neves, onde dormiu, retornando no dia seguinte, no final da tarde de domingo, 20, depois de receber uma ligação do companheiro.
“Ele me ligou e disse que a menina estava passando mal depois de comer arroz com feijão. Me contou que encontrou a minha filha na cama, de barriga pra cima, e vomitando. Com a barriga inchada e uma veia alterada”, disse Jéssica.
A mãe sequer chegou a entrar no imóvel. A alguns metros da sua residência, que fica no final da rua José Gomes de Aguiar, encontrou com Edson carregando a menina nos braços, enrolada em um lençol.
“Peguei minha filha desesperada e saí correndo atrás de ajuda. Um homem, que é pastor evangélico, me deu carona até a UPA. Minha filha já estava revirando os olhos. Olhou para mim, tentou falar ‘mamãe’, mas não deu tempo”, completou a mãe.
Fuga
Após entregar a criança, Edson retornou para o imóvel, mas não ficou lá por muito tempo. Após alguns minutos, o suspeito fugiu do local, deixando a porta da casa aberta e um dos seus documentos. A polícia, esteve na casa, no domingo, em busca dele, mas não o encontrou. Ele foi visto em um ponto de ônibus do bairro na manhã dessa segunda-feira, aparentemente nervoso, subindo em um coletivo que faz o itinerário até a Estação Pirajá.
Na manhã dessa segunda, nenhum morador sabia sobre o crime. Afirmam não ter visto e ouvido nada vindo da casa que fica em uma parte não asfaltada da rua. A ajudante de pedreiro Jacinara da Silva Souza, 41, que mora a 100 metros da residência da família, ficou surpresa ao saber da morte da criança. Ela conta que Àgatha era vista sempre na companhia do padrasto e que costumava brincar com outras crianças do bairro.
“Semana passada ela esteve na minha venda chorando. Queria um queimado que custava R$ 0,25, mas o padrasto só tinha R$ 0,20. Vendi. Se eu soubesse que a menina ficava em casa sozinha com ele, eu mesma teria pedido para a mãe que ela ficasse aqui comigo e meus filhos. Lamentável o que aconteceu”, desabafou.
Violento
Se por um lado os vizinhos nunca haviam presenciado nenhuma cena que os fizesse duvidar da conduta do acusado, por outro, um primo da menina, que preferiu não se identificar, disse que Edson batia na criança. “Uma vez, a menina caiu. Quando ela se levantou, Edson deu um tapa nas costas dela e Ágatha caiu de novo, de cara no chão”, lembra. A mãe também afirmou já ter apanhado dele.
Os três haviam se mudado há cerca de seis meses para a Vila Canária. Antes, moravam no bairro de Tancredo Neves. Jéssica tem um outro filho de 5 anos, que mora com a avó, no subúrbio. Edson também é pai de um menino de 4 anos, de outro relacionamento. O pai de Ágatha morreu há cerca de dois anos.
Justamente por ser novato na rua, as pessoas pouco sabiam da rotina do suspeito. Na localidade, ele era conhecido como Grande. Na internet ele também apresentava um perfil discreto. Em uma das suas redes sociais há apenas uma única foto dele e com o rosto coberto por um emoji. “Como se quisesse esconder alguma coisa”, afirmou o primo.

Fonte: Rede Nordeste/O Povo

Zeudir Queiroz