Municípios onde Bolsonaro recebeu mais votos registram maior mortalidade por COVID-19, aponta estudo

Durante a pandemia de Covid-19, Bolsonaro adotou discursos em que defendia procedimentos sem comprovação científica, como o uso de cloroquina – (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Os municípios onde o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu mais votos nas eleições de 2018 e 2022 registraram um maior número de mortes por COVID-19 no Brasil. Esta conclusão está presente em um estudo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública nesta segunda-feira, 20 de maio.

Razões para a correlação

“Uma explicação para esta correlação pode estar ligada ao papel desempenhado por Bolsonaro como figura pública e influenciador do seu eleitorado. A descrença sobre os efeitos nocivos da pandemia, a não aceitação do uso de máscaras, a resistência inicial à compra de vacinas e a lenta implementação de uma campanha de imunização podem ser alguns dos motivos desta associação entre os votos de Bolsonaro e o excesso de mortalidade”, destaca o estudo.

Dados da pesquisa

Segundo a pesquisa, cada aumento de 1% nos votos municipais para Bolsonaro de 2018 a 2022 correspondeu a uma alta de 0,48% a 0,64% no excesso de mortes nos municípios durante os picos da pandemia.

“O voto pode representar um conjunto de atitudes do eleitorado alinhadas com as ações do seu líder político. Também pode refletir as medidas sanitárias inadequadas adotadas pelos governos locais onde Bolsonaro teve um grande número de votos”, cita o estudo.

Limitações do estudo

Os pesquisadores destacaram que, apesar da associação observada, o estudo apresenta algumas limitações, como a falta de variáveis demográficas, como idade e índice de escolaridade.

Ações de Bolsonaro durante a pandemia

As ações de Bolsonaro durante a pandemia foram objeto de investigação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado, que, após seis meses de trabalhos, produziu um relatório de 1,1 mil páginas, com o indiciamento de 80 pessoas.

Bolsonaro foi indiciado por nove crimes: prevaricação, charlatanismo, epidemia com resultado morte, infração a medidas sanitárias preventivas, emprego irregular de verba pública, incitação ao crime, falsificação de documentos particulares, crime de responsabilidade e crimes contra a humanidade. Destas acusações, quatro foram arquivadas definitivamente.

Com informações do Correio Brasiliense

 

Zeudir Queiroz

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