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O religioso e militante político cearense estava internado há 10 dias, em um hospital de Brasília, devido a problemas respiratórios. Ex-militante do PT, padre Haroldo Coelho, 77, era atualmente filiado ao PSol
Morreu na noite de ontem, em Brasília, o padre Haroldo Coelho, aos 77 anos. O religioso e militante político do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) estava internado há 10 dias na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Daher, no Lago Sul. Padre Haroldo foi a Brasília para passar as festas de fim de ano com familiares e foi internado na passagem do Ano Novo devido a problemas respiratórios.
De acordo com a assessoria do padre, nos últimos dois dias ele não vinha respondendo a antibióticos e apresentava quadro de infecção generalizada. Ontem à noite, teve uma parada respiratória.
O corpo do padre deve chegar à capital cearense ainda hoje. Velório e sepultamento devem ocorrer em Fortaleza.
História
José Haroldo Bezerra Coelho nasceu em 24 de março de 1935, em Fortaleza. É o quinto filho de uma família de seis homens e duas mulheres. A mãe era dona de casa e o pai, funcionário dos Correios.
Padre Haroldo iniciou os estudos religiosos aos 14 anos, no Seminário Menor dos Padres Lazaristas, no bairro Antônio Bezerra. Ordenou-se diácono pela Diocese de Nova Friburgo (RJ) em 1963. No ano seguinte, na mesma diocese, recebeu ordenação presbiteral.
Padre Haroldo recebeu sua ordenação definitiva em 29 de novembro de 1964, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Fortaleza. Cursou a Faculdade de Filosofia Nossa Senhora Medianeira, em São Paulo, e licenciou-se em Ciências Sociais. Fez pós-graduação na Universidade de Sorbonne, na França.
Em 1986, quando filiado ao PT, padre Haroldo se candidatou ao Governo do Estado do Ceará contra o coronel Adauto Bezerra e o empresário Tasso Jereissati. Militante da esquerda, teve atuação pelo Psol e defendeu a candidatura de Renato Roseno à Prefeitura, no ano passado.
Em entrevista ao O POVO, em 2003, revelou que sua vocação não era para padre de congregação. “Sempre fui sensível às injustiças. Fui muito perseguido. Digo isso não com tristeza. Talvez tenha suportado tanta injustiça dentro da igreja por causa dessa minha experiência.”
Padre Haroldo viveu oito anos na Europa na década de 1970. Voltou ao Brasil apenas em 1979, depois da Anistia. Lecionou na Universidade Estadual do Ceará (Uece). Foi pároco na Igreja de São Francisco de Assis, que teve como um de seus frequentadores assíduos o ex-governador Lúcio Alcântara. As missas rezadas pelo padre Haroldo fugiam dos padrões convencionais. “O que é que adianta mandar levantar a carteira de trabalho? Adiantaria dizer: ‘Vamos rezar e viver muito bem, mas vamos nos organizar, até mesmo porque emprego não cai do céu’”.
O religioso dizia nunca ter pensado em ser bispo e que o carreirismo eclesiástico era o “câncer da igreja, porque tudo gira em função da carreira”.
Repercussão
“É uma dor perder uma pessoa da qualidade do padre Haroldo. Ele foi uma pessoa extremamente solidária na luta da anistia, e não só solidário, mas integrante dessa luta. Sem dúvida, uma grande perda”.
Maria Luiza Fontenele, ex-prefeita de Fortaleza
“Ele tinha se tornado um símbolo pra cidade, na medida em que tinha posições muito claras e francas. Além disso, gostava muito da forma como ele celebrava missa. Era frequentador da missa dele”.
Lúcio Alcântara, ex-governador do Estado
“Ele era uma pessoa que tinha compromisso bem definido, além de uma presença e atuação na comunidade que era incentivadora. Uma pessoa que levava pra frente, que queria ver as coisas acontecer e mudar”.
Padre Hermano Allegri
“O padre Haroldo foi uma referência para a minha geração e também de todos os militantes políticos. O exemplo de vida dele inspirou muitos de nós. Ele tinha marca da resistência, do compromisso e da coerência”.
João Alfredo, vereador
via O Povo