Impeachment é aprovado em comissão da Câmara

O resultado foi comemorado pela oposição com gritos de "Vai ter impeachment", "Fora, Dilma" e "Fora, petralhas" e rebatido por governistas ( Foto: AFP )
O resultado foi comemorado pela oposição com gritos de “Vai ter impeachment”, “Fora, Dilma” e “Fora, petralhas” e rebatido por governistas ( Foto: AFP )
Brasília Em sessão marcada por discursos acalorados e muito tumulto, a Comissão Especial da Câmara aprovou, ontem, o parecer pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, por 38 votos a 27. Não houve abstenções. O governo esperava contar com pelo menos 30 votos para evitar que o resultado do colegiado contamine o plenário.
O resultado foi comemorado pela oposição com gritos de “Vai ter impeachment”, “Fora, Dilma” e “Fora, petralhas”. Os aliados da presidente responderam com “Não vai ter golpe, vai ter cadeia” e “Fora, Cunha”.
Dez partidos orientaram o voto contra o impeachment (PT, PR, PSD, PDT, PTN, PC do B, PSOL, Rede, PT do B e PEN), outros dez a favor (PSDB, PSB, DEM. PRB, PTB, SD, PSC, PPS, PV, PMB), e quatro (PMDB, PP, PHS e, PROS) liberaram as bancadas. Nem todos os deputados, no entanto, seguiram a orientação. O próprio presidente da comissão, Rogério Rosso (DF), embora seja do PSD, votou a favor do parecer elaborado pelo relator Jovair Arantes (PTB-GO). Na comissão, bastou maioria absoluta para aprovar o relatório. No plenário da Casa, são necessários dois terços, ou 66,6%, dos 513 deputados, ou 342 votos pelo afastamento da presidente. O esforço dos aliados do Planalto se concentrará agora nos partidos que ficaram divididos. Na comissão, houve 58,5% de votos a favor do impeachment e 41,5% contra. A votação final na Câmara, no plenário da Casa, deverá acontecer no próximo domingo (17). Instalada em 17 de março, a Comissão Especial cumpriu um rito exíguo, de 25 dias. Adversário do governo e réu no Supremo Tribunal Federal (STF) sob a acusação de integrar o “petrolão”, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi um dos principais condutores da acelerada tramitação. Centrão Aposta de Dilma para garantir os votos para barrar o impeachment no plenário, o chamado “centrão”, formado por PP, PSD e PR, ficou dividido. O PP liberou os deputados, enquanto o PR e o PSD orientaram o voto contra o impeachment. Nem todos os parlamentares seguiram a orientação. As siglas têm juntas, no plenário, 123 deputados. Orientado a fazer a defesa em favor da presidente, Maurício Quintella Lessa (AL) deixou a liderança do PR. Já o líder do PP, ex-ministro Aguinaldo Ribeiro (PB), discursou contra o impeachment, mas ressaltou que falava apenas em nome dele e não anunciou qualquer orientação aos representantes do partido. Fundado pelo ministro das Cidades, Gilberto Kassab, o PSD inicialmente adotou o meio termo e dividiu o tempo destinado aos líderes entre dois deputados, um a favor e outro contra o afastamento da presidente. Mais tarde, também orientou contra o impeachment de Dilma. Embora os aliados da presidente reconhecessem as dificuldades para rejeitar o relatório, estavam empenhados em fazer com que a vitória da oposição fosse por margem apertada de votos. Dois votos foram perdidos ao longo do dia. Washington Reis (PMDB-RJ), que se dizia indeciso, mas era considerado voto certo contra o afastamento de Dilma, ficou doente e não compareceu à sessão. No lugar de Reis, deveria votar o oposicionista Laudívio Carvalho (SD-MG). Para não contrariar a orientação do PSB em favor do impeachment, o deputado Bebeto Galvão (BA), decidiu ceder lugar a um suplente. A divisão de alguns partidos ficou clara no discurso do líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), que manifestou posição pessoal contra o impeachment, mas liberou os integrantes na comissão a votarem como quisessem. Picciani anunciou que uma reunião da bancada de deputados decidirá, nesta semana, como votar no plenário. O líder do PT, Afonso Florence (BA), provocou tumulto entre os deputados ao dizer que os oposicionistas “não vão ter sossego” se o impeachment for aprovado e acusar o vice-presidente Michel Temer de se aliar à oposição. Caráter político No início da sessão, o relator, Jovair Arantes (PTB-GO), ressaltou o caráter político do processo de impeachment e disse não haver mais clima para a continuidade de Dilma no poder. Segundo o deputado, a presidente comanda um governo “autoritário”, “arrogante” e “falido”. O parlamentar, que é aliado de Cunha, reafirmou ver “sérios indícios de cometimento de crime pela presidente da República” e “graves e sistemáticos atentados” praticados por ela contra a Constituição na liberação de créditos suplementares sem autorização do Congresso. Contra Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/    
Zeudir Queiroz

Compartilhar notícia: