Nesta quinta-feira, 28, a Polícia Federal (PF) está realizando a operação Vulcano para desarticular uma organização que praticava fraudes contra o programa federal conhecido como Campanha do Desarmamento, em Feira de Santana (BA). Os agentes da PF prenderam o coordenador nacional da ONG Movimento Internacional Pela Paz e Não-Violência (MovPaz), Clóvis Nunes, nesta manhã, em Fortaleza. Ele está sendo conduzido ao município baiano.
Além de Clóvis, a PF confirmou que o irmão dele, Carlos Nunes, foi preso, em Feira de Santana. Segundo informações do Posto Avançado de Feira de Santana, um coronel da Polícia Militar também foi levado para prestar esclarecimentos.
De acordo com a PF, estão sendo cumpridos 12 mandados de busca e apreensão, seis mandados de prisão temporária e cinco mandados de condução coercitiva, nas cidades de Feira de Santana (BA), Cícero Dantas (BA), Antas (BA) e Fortaleza, expedidos pela 2ª Vara Federal de Feira de Santana (BA).
Segundo o delegado Wal Goulart, que acompanha o caso na Bahia, Clóvis irá depor e será encaminhado ao presídio de Feira de Santana, onde o irmão, Carlos, está. Ainda de acordo com Wal, dos seis mandados de prisão temporária, quatro pessoas já foram encontradas.
Clóvis Nunes irá responder por por peculato doloso, peculato eletrônico e formação de quadrilha, entre outros artigos.
A Fraude
Segundo a investigação, armas inexistentes estavam sendo cadastradas no sistema Desarma, bem como o cadastramento de armas artesanais como se fossem de fabricação industrial. O objetivo era gerar guias de pagamento, já que a entrega de armas resultava em indenização, variando de R$ 150 a R$ 400. A fraude pode ter causado um prejuízo à União de, aproximadamente, R$ 1,3 milhão.
Além disto, a PF afirma que das 8.800 armas de fogo que geraram indenizações no sistema Desarma, 4.000 armas não existiam e outras 4.400 eram de fabricação artesanal, ou seja, não resultaria em qualquer tipo de pagamento .
Casa da Paz
No início de novembro, O POVO Online, foi até a Casa da Paz, sede da ONG Movimento Internacional Pela Paz e Não-Violência (MovPaz), em Fortaleza, para entrevista Clóvis Nunes. Na ocasião, ele informou que a campanha recolheu 68 armas e 487 unidades de munição em dois meses.
“O anonimato é garantido, não tem pergunta, nem complicações. O governo não quer saber a origem da arma, apenas tirar a arma de circulação”, explicou Clóvis Nunes. Quem entrega a arma também recebe uma indenização que varia de R$ 150 a R$ 450, dependendo do calibre.
Além de 21 ações contra violência, a Casa da Paz funciona como posto de entrega para armas. Qualquer pessoa pode levar sua arma até a sede, localizada no bairro de Fátima, e fazer o procedimento no anonimato.
Sede em Feira de Santana
O MovPaz foi criado em Feira de Santana, Bahia, em 1992. Há dois anos e seis meses, o movimento começou a campanha de desarmamento. Segundo o coordenador nacional da ONG, de 2011 a 2013, o número de homicídio caiu 51% no município baiano com a iniciativa de desarmar a população. Na cidade, já foram recolhidas 4.695 armas.
Segundo a assessoria de imprensa do movimento em Fortaleza, “essa denúncia não se refere a nada da Casa da Paz” da capital cearense. A assessoria disse que os advogados do MovPaz ainda não tinham tido acesso, no começo da tarde, aos documentos referentes à operação, mas confirmou que Clóvis Nunes foi preso em Fortaleza e levado para a Bahia. A casa continua funcionando em Fortaleza. Até hoje, foram entregues 88 armas e 583 munições na unidade.
Em nota enviada ao O POVO Online, o MovPaz defende Clóvis Nunes, a quem classifica como “uma pessoa íntegra que compõe os quadros da entidade na condição de coordenador nacional do MovPaz Brasil, membro do Conselho Nacional de Segurança Pública (CONASP), coordenador Regional Nordeste da Campanha do Desarmamento, diretor administrativo do Projeto ‘Por um Mundo Sem Armas’, da Rede Desarma Brasil, professor, escritor e conferencista, motivos pelos quais não há razão para se duvidar de sua conduta, pois sempre pautou suas ações no bem à população”.
Fonte: O POVO Online
com informações da repórter Mariana Lazari
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