Brasília. Em nota divulgada ontem, o juiz federal Sérgio Moro afirmou que a medida de condução coercitiva do ex-presidente Lula para depor na última sexta-feira (4) não significa “antecipação de culpa” do petista.
Moro ressaltou que acatou um pedido do Ministério Público Federal. “Como consignado na decisão, essas medidas investigatórias visam apenas o esclarecimento da verdade e não significam antecipação de culpa do ex-presidente”, afirmou o juiz que conduz as investigações da Lava-Jato. “Cuidados foram tomados para preservar, durante a diligência, a imagem do ex-presidente”, ressaltou.
A nota é uma reação de Moro à polêmica criada por sua decisão de determinar a condução coercitiva de Lula, ou seja, ter obrigado o ex-presidente a ser levado a um local determinado para prestar depoimento – no caso, numa sala no aeroporto de Congonhas. Além do próprio Lula, aliados, entre eles a presidente Dilma Rousseff, criticaram bastante a medida do juiz.
A divulgação da nota é atitude rara do magistrado, que só costuma se manifestar sobre as críticas endereçadas a si nos autos dos processos da Lava-Jato.
Confrontos
Moro também comentou os confrontos da última sexta-feira (4) entre militantes anti e pró-Lula por causa da Operação Aletheia (24ª fase da Lava-Jato), que teve como alvo o ex-presidente. No despacho que autorizou a ação, Moro havia justificado que pretendia evitar tumultos. Ontem, ele reforçou o mesmo argumento: “Lamenta-se que as diligências tenham levado a pontuais confrontos em manifestação políticas inflamadas, com agressões a inocentes, exatamente o que se pretendia evitar”, disse.
“Repudia este julgador, sem prejuízo da liberdade de expressão e de manifestação política, atos de violência de qualquer natureza, origem e direcionamento, bem como a incitação à prática de violência, ofensas ou ameaças a quem quer que seja, a investigados, a partidos políticos, a instituições constituídas ou a qualquer pessoa”, completou.
Controvérsia
A condução coercitiva de Lula para depor tornou-se o ponto mais polêmico da 24ª fase da Lava-Jato. A medida foi criticada duramente por advogados e especialistas e defendida por procuradores e um jurista. A crítica mais severa à decisão do juiz Sergio Moro partiu do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Condução coercitiva? Eu não compreendi. Só se conduz coercitivamente o cidadão que resiste e não comparece para depor. E o Lula não foi intimado”, afirmou. “Vamos consertar o Brasil. Mas não vamos atropelar. O atropelamento não conduz a coisa alguma”, complementou.
Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/
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