Começa hoje a etapa final do impeachment de Dilma

"A gente aperta o cinto e a gente garante aqueles programas que são fundamentais para a vida da população do nosso país", disse a presidente sobre o esforço do governo ( Reuters ) Mais de dez meses após o protocolo do pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT) na Câmara, onde teve início, o processo chega à reta final no Senado. A expectativa é de que o julgamento que começa hoje seja encerrado até a próxima terça, 30. O quadro está desfavorável para a petista. Mesmo quem a considera “honesta”, como disse o senador Eunício Oliveira (PMDB) vai votar contra ela por questões políticas. “O processo é democrático, mas não há a menor perspectiva de revirada. Eu pessoalmente tenho boa relação com ela. Acho que ela é uma mulher honesta, mas perdeu completamente a condição de governabilidade. Todos os presidentes que perderam a governabilidade caíram”, afirma o aliado do presidente em exercício Michel Temer. Eunício diz que há cerca de 60 votos contra ela, embora o placar de votos de jornais apontem para cerca de 50 votos pelo impeachment. Para que o afastamento seja definitivo, é necessário ter dois terços dos 81 senadores favoráveis, ou seja, 54 votos contra Dilma. A sessão será comandada pelo presidente do STF, Ricardo Lewandoski. Ex-líder do governo Dilma na Câmara, José Guimarães (PT) diz que a petista trará surpresas durante defesa na Casa. “Ela vai denunciar os senadores golpistas. Vocês vão ver na segunda-feira”, afirmou, sem dar mais detalhes. O deputado também declarou que qualquer que seja o resultado, a resistência continuará: “O processo do golpe armado da direita, que a grande mídia e os conservadores armaram contra a democracia”. Antigo aliado do PT, hoje rival, o senador Critovam Buarque (PPS) era um dos votos que a presidente esperava ter a seu favor. No entanto, ele se diz convencido de que ela não pode voltar à Presidência. “Não vejo nada que possa acontecer que faça mudar o voto. É o conjunto de fatores (…) A volta dela desarticularia a economia de forma brutal, poderíamos acabar como uma Venezuela”, argumenta. Defesa Com defesa pessoal prevista para segunda-feira, 29, pode ser a última vez que a presidente fala ao Congresso como líder da República. “Vou ao Senado porque acredito na democracia”, disse ela, anunciando que iria comparecer à sessão. Diferentemente do que ocorreu com Fernando Collor de Melo (1992), a presidente afastada desde 12 de maio não tem intenção de renunciar. Caso 54 senadores votem a favor do impedimento, ela não só perderá o mandato como se tornará “ficha suja”, inelegível por oito anos. Se houvesse renúncia, talvez ainda pudesse tentar cargo eletivo nos próximos anos. Desde o afastamento, Dilma tem perdido força. Ainda resistiram alguns movimentos sociais que insistiam em defender seu direito de governar. Ontem, artistas e intelectuais estrangeiros se manifestaram, por meio de de carta, contra o impeachment. A maioria dos signatários eram dos Estados Unidos e Inglaterra, entre eles o escritor Noam Chomsky e o ator Danny Glover. Saiba mais Testemunhas isoladas Até oito horas antes do início do julgamento, testemunhas de defesa e acusação ficarão em quarto de hotel em Brasília, sem internet, televisão ou telefone. Eles também não têm permissão para receber visitas.O isolamento continua a té a hora da oitiva. De acordo com a emissora de TV Rede Globo, a diária do hotel das testemunhas custa R$ 200 e será paga pelo Senado.Policiais farão vigilância no local. As testemunhas assinarão acordo com os termos impostos no julgamento. Quem irá depor Os juristas Miguel Reale Júnior, Janaína Paschoal e Hélio Bicudo, autores do impeachment, selecionaram duas testemunhas do Tribunal de Contas da União (TCU): o procurador Júlio Marcello de Oliveira, e o auditor de fiscalização do TCU Antônio Carlos Costa D’ávila. As testemunhas da defesa serão o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, a ex-secretária de Orçamento Federal Esther Dweck, o ex-secretário-executivo do Ministério da Educação Luiz Cláudio Costa, o professor de Direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) Ricardo Lodi Ribeiro e o professor de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Geraldo Prado. Cronograma de DilmaFonte: http://www.opovo.com.br/
Zeudir Queiroz

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