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Chiquinho Brazão afirma que Lessa protege outra pessoa em sua delação

Foto: Reprodução

O deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido/RJ), acusado de ser o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL/RJ), reafirmou sua inocência durante uma audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), realizada na última segunda-feira (21). Em sua declaração, Brazão negou qualquer participação no crime e afirmou que o ex-policial militar Ronnie Lessa, réu confesso do assassinato, estaria protegendo outra pessoa ao fazer a delação premiada que o implicou. Segundo o parlamentar, ele não teria qualquer relação com Lessa e não se lembra de ter tido contato com ele.

Durante a audiência virtual, conduzida pelo desembargador Airton Vieira, instrutor do caso no STF, Brazão afirmou que não tem envolvimento com o crime e classificou o assassinato de Marielle como um “ato de maldade”. Ele descreveu Marielle como uma pessoa “respeitosa, carinhosa e afável”, destacando que mantinha uma boa relação com a vereadora e com a bancada de esquerda da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. “A Marielle sempre me procurava. A gente batia muito papo. Nossa relação era muito boa”, disse o deputado.

Ao ser questionado sobre o motivo pelo qual Lessa o teria implicado na delação, Brazão sugeriu que o ex-PM estaria protegendo outra pessoa, embora não tenha especificado quem. “A não ser pensando que, no caso, essa delação está protegendo alguém”, afirmou o parlamentar. A defesa de Brazão tem explorado, ao longo das audiências, as suspeitas levantadas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro sobre o ex-vereador Cristiano Girão, que também foi mencionado durante as investigações.

Acusações contra Chiquinho Brazão

Chiquinho Brazão, seu irmão Domingos Brazão (conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro), e outros dois policiais militares são acusados de terem encomendado o assassinato de Marielle Franco devido a divergências políticas com o PSOL. Segundo as investigações conduzidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Marielle teria atuado para impedir a exploração de terrenos ilegais controlados pela família Brazão, o que motivou o crime. Além disso, o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Rivaldo Barbosa, também é acusado de auxiliar no planejamento do assassinato.

A delação premiada de Ronnie Lessa, que confessou ter sido o autor dos disparos que mataram Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, é a principal base das acusações contra Chiquinho Brazão e os outros réus. Lessa afirmou que o deputado, seu irmão e os outros envolvidos estavam diretamente ligados ao crime. No entanto, partes cruciais do depoimento de Lessa não foram corroboradas por outras provas, o que gera questionamentos sobre a veracidade da delação.

Brazão negou ter qualquer envolvimento com Lessa e disse não se lembrar de ter tido contato com o ex-policial. Segundo Lessa, os dois se conheceram em encontros em um local frequentado por criadores de pássaros na zona oeste do Rio de Janeiro, onde jogavam sinuca e bebiam. Lessa também afirmou que Edmilson de Oliveira, conhecido como Macalé, ex-policial militar assassinado em 2021, teria sido o intermediário entre ele e Brazão. Macalé é apontado como um dos responsáveis pela contratação do crime. Brazão admitiu ter conhecido Macalé, mas disse que a última vez que o encontrou foi em 2008, durante uma campanha eleitoral, e que não se recorda da presença de Lessa no local.

Defesa e andamento do caso

A defesa de Chiquinho Brazão tem sustentado que o deputado não teve qualquer participação no assassinato e que as acusações de Ronnie Lessa não se sustentam. Eles argumentam que as investigações carecem de provas concretas para incriminar o parlamentar e sugerem que a delação de Lessa foi feita com o objetivo de proteger outros envolvidos no crime.

O caso continua em andamento no STF, onde as audiências têm sido realizadas para ouvir os depoimentos dos acusados e das testemunhas. A delação premiada de Lessa, embora seja central para a acusação, ainda precisa ser confrontada com mais provas para que a responsabilidade dos réus seja devidamente apurada.

A morte de Marielle Franco, em março de 2018, gerou grande repercussão nacional e internacional, e o caso segue cercado de polêmicas e pressões por justiça. A sociedade brasileira acompanha atentamente o desenrolar das investigações e o julgamento dos acusados, que pode trazer respostas definitivas sobre os responsáveis pelo crime que abalou o país.

Com informações de O Estado CE

Zeudir Queiroz