Cardozo diz que aprendeu com oposicionista a investigar denúncias

Ministro ironizou pergunta feita por deputado do PSDB sobre Metrô de SP. Ele lembrou que em 2008 deputado acusou ex-ministro de prevaricação.

Em audiência na Câmara dos Deputados, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta quarta-feira (4) que “aprendeu” a investigar denúncias sobre crimes com o deputado da oposição Carlos Sampaio (PSDB-SP). A afirmação foi uma resposta à crítica feita pelo tucano ao fato de Cardozo ter encaminhado à Polícia Federal denúncia de pagamento de propina na licitação do metrô de São Paulo. O PSDB acusa o ministro de fazer uso político das denúncias, com objetivo de desviar para o partido de oposição a atenção dada à prisão de condenados no julgamento do mensalão. De acordo com o ministro da Justiça, Carlos Sampaio acusou em 2008 o então ministro da Justiça,Tarso Genro, de prevaricação (quando funcionário público não cumpre seu dever de ofício em troca vantagem) por não encaminhar à PF denúncia sobre abusos no uso de cartões corporativos no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Se eu recebo uma denúncia seja do PT ou do PSDB eu tenho que investigar”
José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça
“Uma acusação ao então ministro Tarso Genro era que ele tinha prevaricado porque, ao tomar ciência do fato [de uso indevido de cartões corporativos], ele não tinha enviado à Polícia Federal para investigar. Vossa excelência representou contra Tarso Genro porque ele teria prevaricado. Vossa excelência me ensinou que eu, quando tomar ciência de alguma denúncia, tenho que investigar”, disse. Carlos Sampaio se irritou com a ironia e afirmou que os dois episódios são diferentes, já que as denúncias de uso de cartões corporativos envolviam pessoas ligadas ao PT, enquanto as acusações sobre corrupção na compra de equipamentos para o metrô de SP envolvem governos tucanos.
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  • Cardozo se tornou alvo de críticas de partidos oposicionistas depois de ter recebido do deputado estadual licenciado Simão Pedro (PT), atual secretário de Serviços da Prefeitura de São Paulo, documentos que detalham o suposto pagamento de propina em licitações para a compra de equipamentos para o metrô paulista.
As acusações envolvem os governos de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin – todos do PSDB. O ministro da Justiça recebeu os dados em sua casa, em São Paulo, e os encaminhou para a Polícia Federal. Para Carlos Sampaio, um ministro da Justiça não deveria receber denúncias de um companheiro de partido na própria casa. “Vossa excelência recebeu uma denúncia anônima em sua casa de um companheiro de partido com acusações contra um partido adversário. São questões muito diferentes”, disse. Cardozo rebateu dizendo que tem que investigar qualquer denúncia independentemente de quem seja afetado por ela. “Se eu recebo uma denúncia seja do PT ou do PSDB eu tenho que investigar”, disse. Investigação ‘atrasada’ O ministro da Justiça afirmou, durante a audiência na Câmara, que o Brasil está “atrasado” nas investigações sobre suposto cartel na licitação do metrô de São Paulo, que teria a participação da empresa estrangeiras como a francesa Alstom. A Suíça também investiga cometimento de crimes pela empresa e já prendeu suspeitos de envolvimento em pagamentos de propina. Em outubro, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou apuração sobre a suposta demora do Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo em cumprir um pedido de cooperação jurídica da Suíça em relação ao caso Alstom. Em novembro, a Procuradoria informou que o MPF-SP voltaria a colaborar com a Justiça do país europeu. “O Brasil está atrasado na investigação do caso. Há muitos anos temos inquéritos abertos. Na Suíça já temos brasileiros condenados. Tivemos uma paralisação das investigações por três anos. O Brasil ainda tem muito a percorrer seja para demonstrar que existiam irregularidades seja para demonstrar que não existiram”, afirmou Cardozo. Fonte: G1
Zeudir Queiroz

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