As substituições feitas pela presidente Dilma na articulação política desagradaram à base governista
Brasília Cada vez mais tensas, as relações do Executivo com o Legislativo afetam diretamente a bancada cearense no Congresso, já que de seus 22 deputados federais, 19 são oficialmente da base aliada ao governo. Excetua-se Raimundo Gomes de Matos (PSDB). O PR dos deputados Gorete Pereira e Vicente Arruda anunciou que adota uma posição independente em relação ao Planalto. Além disso, os três senadores cearenses são governistas.
Primeiro, a mudança na articulação política, com a troca do ex-ministro Luiz Sérgio por Ideli Salvatti e agora a substituição dos líderes do governo na Câmara e no Senado foram medidas que não aliviaram as tensões entre Executivo e Legislativo. Ao contrário, apesar de ser classificado como fraco por alguns aliados e oposicionistas, o ex-ministro Luiz Sérgio sempre foi considerado gentil e cortês, adjetivos que não são atribuídos à nova ministra Ideli Salvatti.
“Nos corredores as reclamações correm sobre a atuação da ministra. Muitos reclamam que lhe falta habilidade para articular e que ela tem um modo truculento e que quer impor as vontades do governo”, afirmou o deputado tucano Raimundo Gomes de Matos (CE).
“A crise é clara. A situação da interlocução entre Legislativo e Executivo é tão falha que é visível nas votações. O PSB sempre vota com o governo, mas há momentos em que a situação fica insustentável”, disse o deputado Domingos Neto (PSB-CE).
Para os peemedebistas, principais aliados do Planalto, a situação é mais complicada do que desejam fazer crer os demais partidos da base. “Acho que a situação é sensível e é preciso melhorar o diálogo do Executivo, com todos os demais poderes da República. Não somos só nós, do Legislativo, que estamos reclamando, há uma reclamação como um todo. No caso específico recai sobre a ministra Ideli a maior responsabilidade sobre este diálogo. E é preciso que haja o diálogo antes da tomada de decisões”, afirmou o deputado Danilo Forte (PMDB-CE).
Novos líderes
Principal problema para a presidente Dilma Rousseff (PT) no Congresso, a bancada peemedebista tem ensaiado ações de rebeldia nas últimos dias e mostrou seu descontentamento. Não agradou a substituição do ex-líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), ligado ao grupo do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP) e do líder do partido, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), pelo independente senador Eduardo Braga (PMDB-AM).
Pior do que a troca de Jucá foi a substituição de Cândido Vacarezza (PT-SP) por Arlindo Chinaglia (PT-SP) na liderança do governo na Câmara, que passou como uma “traição” para os peemedebistas. O acordo existente desde o ano passado, entre PT e PMDB, prevê a eleição do líder peemedebista na Casa, deputado Henrique Eduardo Alves (RN) para a presidência da Câmara em substituição ao deputado Marco Maia (PT-RS), que ocupa atualmente o cargo.
Manobra
Para os peemedebistas a indicação de Chinaglia sinaliza que o governo não vai cumprir o acordo e vai tentar emplacar novamente o nome do deputado petista para a presidência da Casa. Chinaglia já foi presidente da Câmara no governo Lula. A oposição também criticou o que considerou uma manobra do Planalto. “Não é mudando líderes que o governo vai conseguir reverter votos. A indicação do ex-presidente Arlindo é uma tentativa de fortalecer a liderança, mas o desgaste já foi feito e não tem como voltar atrás”, afirma Raimundo Gomes de Matos.
Oposição quer adoção de calendário pró-ativo
Alguns analistas do governo Dilma afirmam que apesar de incomodada com a posição rebelde de seus aliados, principalmente dos integrantes da Câmara, a presidente Dilma Rousseff aposta no apertado calendário de 2012 no Congresso, por ser um ano eleitoral, para esvaziar o poder de pressionar do Legislativo.
Os líderes já sugeriram a adoção de um calendário pró-ativo no Congresso, que permita aplacar os ânimos dos parlamentares e votar matérias de interesse destes, como o Código Florestal, exigência da bancada ruralista. A interlocutores, Dilma disse que não aceitará nada com a “faca no pescoço”. A adoção de uma agenda própria para o Congresso, com uma limitação no número de medidas provisórias e liberdade para a votação dos projetos de autoria do Legislativo é talvez hoje a principal reivindicação de parlamentares.
“Pequenas questões não podem ser empecilho para a solução de grandes problemas. O governo tem que diminuir o número de medidas provisórias e permitir ao Congresso a discussão e a votação de sua agenda”, afirmou o deputado Danilo Forte.
Medidas Provisórias
“O governo deve deixar o Congresso trabalhar normalmente e vetar o que achar que deve ser vetado. Não deve ter medo do veto e nem ficar medindo forças com o Congresso. Continuamos a viver um momento com excesso de Medidas Provisórias e uma agenda imposta pelo Executivo. Temos que dar um basta nesta situação. O presidente Luiz Inácio lula da Silva enviou a Lei Geral da Copa e nós tivemos anos e mais anos para votá-la antes. Agora, querem que façamos de afogadilho. Não podemos aceitar mais estas imposições”, disse Gomes de Matos.
Fonte: Diário do Nordeste
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