Bolsonaro chama crise sanitária e social ianomâmi de “farsa da esquerda”

Em postagem no Telegram, o ex-presidente pontuou várias ações do último governo para a população indígena, entretanto, omitiu dados negativos

(crédito: sumaum/Divulgação)
Por um grupo que mantém Telegram, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma longa publicação em que crítica as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante passagem em Terras Ianomâmis neste sábado (21/1). Segundo Bolsonaro, durante seu governo foram realizadas 20 ações de saúde que levaram atenção especializada para dentro dos territórios indígena. Entretanto, alguns dados relevantes sobre o tema foram omitidos.

O texto, intitulado “Contra mais uma farsa da esquerda” cita várias ações feitas durante o governo Bolsonaro para lidar com a crise dos povos indígenas.

“De 2019 a novembro de 2022, o Ministério da Saúde prestou mais de 53 milhões de atendimentos de Atenção Básica aos povos tradicionais, conforme dados do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do SUS, o SasiSUS”, afirma um trecho.

“De 2020 a 2022, foram realizadas 20 ações de saúde que levaram atenção especializada para dentro dos territórios indígenas, especialmente em locais remotos e com acesso limitado. Foram beneficiados mais de 449 mil indígenas, com 60 mil atendimentos. O Governo Federal encaminhou 971,2 mil unidades de medicamentos e 586,2 mil unidades de equipamentos de proteção individual (EPI), totalizando 1,5 milhão de insumos enviados para essas operações”, pontua também.

No entanto, o ex-presidente não cita que desde 2019 é registrado um aumento no número de casos de morte entre os indígenas, segundo mostrou o portal Uol.

As divergências entre o exposto por Bolsonaro no texto e dados coletados no relatório “Povos Indígenas e Meio Ambiente”, realizado pelo Coletivo RPU Brasil em 2022, mostram que a crise pode ter sido ampliada pela antiga gestão.

A Funai operava no período com um terço da força de trabalho, situação que foi agravada pelo contingenciamento de 90% do orçamento previsto na Lei Orçamentária Anual de 2019.

O ensino da população indígena foi prejudicado. Dados do Ministério da Educação (MEC) mostraram que 1.029 escolas indígenas não funcionam em prédios escolares, e 1.027 escolas indígenas não estão regularizadas por seus sistemas de ensino.

Outros dados publicados são: 1.970 escolas não possuem água filtrada, 1.076 não contam com energia elétrica e 1.634 escolas não têm esgoto sanitário; 3.077 escolas não possuem biblioteca e 1.546 não utilizam material didático específico. “A precariedade na infraestrutura das escolas é acompanhada pelo descaso no acompanhamento pedagógico e didático”, enfatiza a publicação.

A taxa de mortalidade de bebês indígenas voltou a crescer desde 2019. Entre janeiro e setembro de 2019, últimos dados disponíveis, morreram 530 bebês com até um ano de idade, segundo o Ministério da Saúde.

Vale lembrar que houve um aumento na taxa de desmatamento durante o governo Bolsonaro. Em 2020, o desmatamento atingiu o maior pico em 12 anos de 10.851 km². Já nas terras indígenas essa taxa cresceu 90%.

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/
Zeudir Queiroz

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