Embate de narrativas questiona a influência de Bolsonaro na escalada das agressões
O assassinato do guarda municipal Marcelo Aloizio Arruda, em Foz do Iguaçu (PR), acirrou o clima de polarização na política brasileira. De um lado, partidos de oposição e críticos ao ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) sustentam que o chefe do Executivo incita a violência entre seus apoiadores. De outro, bolsonaristas dizem não compactuar com qualquer tipo de violência.
Em um dos episódios mais polêmicos da campanha à Presidência de 2018, Bolsonaro disse, no Acre, em cima de um carro de som, que iria “fuzilar a petralhada” e enviá-la para a Venezuela. Ele chegou a simular tiros de metralhadora com gestos e foi ovacionado pelos apoiadores. Agora, os aliados do presidente argumentam que não incentivam ataques de cunho político.
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) usou as redes sociais para manifestar apoio ao presidente. “Quem defende sequestradores, ladrões de celular, réu por tentativa de homicídio de manifestante contrário a ele, coerção contra esposas e familiares de parlamentares é Lula!”, postou.
A deputada Bia Kicis (PL-DF) escreveu no Twitter que repudia qualquer tipo de violência, e também criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Repudio todo tipo de violência política. Que se investigue e não fique impune o crime cometido em Foz do Iguaçu. Diferente do Lula, que agradeceu a um apoiador que quase matou um adversário político, o presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores abominam a agressão”, escreveu.
Sem diálogo
No sábado, o agente municipal Marcelo Aloizio Arruda foi morto a tiros pelo policial penal Jorge Guaranho quando comemorava o próprio aniversário, de 50 anos, com uma festa temática do PT. O atirador invadiu a comemoração aos brados de “Aqui é Bolsonaro” e “Mito”. Depois, trocou tiros com o guarda municipal.
A presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), responsabilizou diretamente o presidente Jair Bolsonaro pela morte do petista e disse que não há possibilidade de diálogo com o chefe do Executivo.
O deputado federal Afonso Florence (PT-BA) disse que considera o ato como violência política. “Liga um sinal de alerta que as instituições têm que subir patamares de preocupação em defesa da democracia. Claro que assassino é assassino, vai responder penalmente por isso. Mas há falas incitadoras de ódio, de crime, de violência, rotineiras. É o presidente que diz ‘vamos metralhar a petralhada'”, disse ao Correio.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) reforçou a preocupação. “Precisamos ser mais claros em relação à vida perdida de Marcelo Arruda. Não foi a polarização que causou isso. Foram os frequentes discursos de ódio, o incitamento à violência e a intolerância de um chefe de Estado que diz que vai metralhar petista”, postou ele em suas redes sociais.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes também se manifestou publicamente. “A intolerância, a violência e o ódio são inimigos da Democracia e do desenvolvimento do Brasil. O respeito à livre escolha de cada um dos mais de 150 milhões de eleitores é sagrado e deve ser defendido por todas as autoridades no âmbito dos Três Poderes”, declarou.
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/
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