Cerca de 200 índios de 14 tribos cearenses ocuparam, na manhã desta sexta-feira (21), o prédio da Secretária de Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA), no bairro São Gerardo, em Fortaleza.
O grupo aproveitou a Assembleia dos Povos Indígenas do Ceará, que está acontecendo na comunidade dos Tapebas, em Caucaia, para ir à sede do órgão a fim de cobrar melhores condições para os índios no Estado. A principal reclamação dos ocupantes foi a falta de políticas públicas no combate à seca que castiga boa parte do semi-árido cearense. “A gente está muito preocupado porque essa seca que está atingindo o nosso estado em geral e os políticos parecem não estarem ligando muito para essa questão do indígena. Eles (políticos) estão lá graças ao voto da gente também”, afirma o índio Luzinaro Baião, vice-cacique da tribo Potiguara, de Crateús.
O pajé dos Potiguaras, Cícero Ponte, reclama da má qualidade da água que a tribo utiliza. “A gente pede que os governantes tenham pena não só de nós índios, mas também das nossas crianças, que estão bebendo uma água que parece um aluá; de baixa qualidade”, desabafa.
Os índios também trouxeram outras reivindicações, como a questão da terra e a falta de políticas agrárias em algumas aldeias. Erbene é uma das representantes da tribo dos Tremembés, de São José dos Buritis, em Itapipoca. Segundo a líder, os povos índígenas não tem recebido incentivos de programas da agricultura familiar. “Os quilombolas e os agricultores são contemplados com muitos projetos da agricultura familiar, e nós índios não somos contemplados. Queremos saber quais projetos são viáveis para desenvolver nossa aldeia”, disse.
Outra demanda dos Tremembés é a legalização da terra onde eles vivem. “Lá onde moramos existem muitos posseiros, e eles estão invadindo nossas terras. Queremos regularizar nossa situação para que isso não continue a acontecer”, explicou.
Secretário ouve reclamações e se compromete em ajudar indígenas
O secretário do Desenvolvimento Agrário do Ceará, Nélson Martins, recebeu um grupo com cerca de 20 índios para ouvir a demanda das comunidades. Segundo o gestor, 3 ações serão tomadas para amenizar a situação dos indígenas. “Nós temos um projeto chamado Ibijurema, que já vem sendo negociado com as nações indígenas para a implantação de projetos produtivos nestas áreas indígenas. Vamos encaminhá-lo para o governador, porque é ele quem tem que autorizar o recurso. Na parte das cisternas, acertamos que eles farão o levantamento das demandas de cada comunidade e, como hoje temos o programa de cisternas, a partir deste levantamento, temos como conseguir essas cisternas”, afirmou.
O gestor finalizou dizendo que irá encaminhar ao Banco Mundial o edital para a abertura de um recurso específico a fim de beneficiar as comunidades indigenas, através do projeto São José 3, que também contempla projetos produtivos.
Após a reunião, os índios deixaram o local e retornaram à aldeia dos Tapebas.
Fonte: Diário do Nordeste
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