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Professor de inglês, mulher dele e diretora de escola são indiciados em denúncia de estupro contra alunas

O professor é investigado por abusar das estudantes, enquanto a mulher do docente e a diretora da escola foram indiciadas porque teriam conhecimento dos abusos e não denunciavam os crimes às autoridades policiais, conforme as investigações.

Imagem de divulgação da Web

A Polícia Civil do Ceará indiciou, por estupro de vulnerável, o professor de inglês preso por abuso sexual contra alunas de uma escola em Beberibe, no litoral do Ceará. O docente estava detido desde a última quarta-feira (15), e o inquérito policial que apurava as denúncias foi finalizado nesta terça-feira (28). Além do professor, a mulher dele e a diretora da escola também foram indiciadas, mas respondem em liberdade.

Segundo a Polícia Civil, a mulher do professor foi indiciada porque tinha conhecimento dos abusos praticados por ele, mas não denunciava os crimes. Já a diretora da escola também vai responder na Justiça porque, também segundo a polícia, ela tinha conhecimento dos casos ocorridos na escola e não afastou o docente.

Em uma das denúncias recebidas pela polícia, pais afirmaram que a filha tinha relatado uma situação de assédio do professor e que eles foram até a escola reclamar com a diretora. No entanto, ela teria dito que não poderia demiti-lo por questões trabalhistas, prometendo apenas que o professor não teria mais contato com a aluna.

Pelo menos oito meninas de cinco a 11 anos foram vítimas do professor. Ele tocava nas partes íntimas das vítimas e fazia insinuações de cunho sexual. Os abusos sexuais eram praticados dentro das salas de aula, na frente dos estudantes.

O professor pode ter praticado o mesmo crime em 2018 durante aulas de reforço e de jiu-jitsu, de acordo com Anna Scotti, delegada titular de Beberibe.

Beijo na boca de aluna

A mãe de uma das vítimas do professor de inglês relatou que o suspeito beijou a filha na boca. A menina tinha seis anos quando o caso aconteceu, em 2018, de acordo com a mãe.

A mulher disse que, um dia, quando o pai da criança foi buscá-la na escola, encontrou a menina em uma sala chorando muito. “Ele perguntou o que tinha acontecido, mas ela não falava, só chorava. Depois de muita insistência, ela falou que ele tinha beijado ela na boca”, disse a mãe. Ela explicou que, à época, não quis dar seguimento a uma denúncia formal porque não queria expor a criança, mas quando os outros casos vieram à tona, ela também procurou a polícia para denunciá-lo.

“Eu não fui mais a fundo [na denúncia] porque eu não queria expô-la. Ela ficou nervosa, chorando muito. Eu fiquei muito nervosa e meu esposo também, a gente ficou com medo da exposição à minha filha”, complementou a mulher.

O professor foi capturado após uma investigação, que começou quando os pais de outras crianças registraram boletins de ocorrência relatando que as filhas foram tocadas pelo professor de uma escola particular, onde estudavam. “Até que aconteceu de novo e uma das mães ficou sabendo da minha história, e veio me pedir ajuda, aí eu não neguei em ajudar”, declarou a mãe da menina.

“Hoje ela [a filha] está bem, já tem dez anos. A gente conversou com ela, disse que ele foi preso e ela agradeceu demais, disse que não aguentava mais ver ele pelas ruas, porque todas as vezes que ela via, ela ficava muito nervosa”, complementou a mulher.

‘Eu não gosto mais de ir dia de sexta-feira’

Uma outra mãe relatou os abusos contra a filha dela, que aconteceram em 2022. Em entrevista à TV Verdes Mares, ela disse que descobriu o crime após estranhar uma reclamação da filha de nove anos.

“Na sexta-feira [27 de maio], ela chegou para mim e disse ‘mãe, eu queria ir para a escola todo dia, mas eu não gosto mais de ir dia de sexta-feira’. Eu estranhei porque como uma criança gosta de ir para a escola todo dia menos na sexta? Então, alguma coisa estava acontecendo naquele dia”, revelou a mãe

A filha era novata na instituição, e a mãe perguntou à filha porque ela não queria ir, pensando inicialmente que poderia ser algum caso de bullying praticado por outro aluno, mas a menina explicou que o motivo era o comportamento do professor de inglês.

“Toda vez que eu vou mostrar a tarefa no birô dele, ele passa a mão na minha perna, com uma mão ele segura o caderno, e com a outra ele fica passando nas minhas pernas, aí ela mostrou como ele fazia”, lembrou a mãe sobre a fala da filha.

“Eu acho que nas primeiras vezes que ele fez, ela nem percebeu, mas já estava ficando tão sério, que ela já estava se sentindo desconfortável, nas palavras dela mesmo”, disse a mulher.

A mãe decidiu tirar a filha da escola. Ela disse que a filha aparenta estar bem, só não gosta de falar sobre o caso. “‘Mãe, tudo bem, eu só não quero ir para aquela escola'”, pede a menina, segundo a mãe.

Fonte: https://g1.globo.com/

Zeudir Queiroz