Durante a sua passagem pelo Ceará, a presidente Dilma Rousseff evitou falar sobre qualquer assunto que não se referisse às obras da Transposição do Rio São Francisco e da Ferrovia Transnordestina. Tanto que a Refinaria Premium II, que será construída no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), nem foi lembrada, ou comentada abertamente, durante a visita da chefe do Executivo Federal. O início da construção do empreendimento espera a transferência do terreno do governo estadual para a Petrobras, em evento – ainda sem data – que deve contar com a participação de Dilma e da nova presidente da estatal à ocasião, Maria das Graças Foster.
E a área da refinaria ainda segue como o principal imbróglio ao início dos trabalhos no local. De acordo com a Petrobras, “as atividades de cercamento, de vigilância e de supressão vegetal do terreno estão com seus contratos prontos para serem assinados”, faltando apenas o recebimento da área para que os convênios sejam ratificados e iniciados os trabalhos.
Ainda segundo a empresa petrolífera, “o Governo do Estado do Ceará está finalizando a elaboração dos documentos dos terrenos a serem transferidos para a Petrobras. Assim que tal documentação for enviada, a Petrobras estará pronta para receber tais terrenos e iniciar as atividades construtivas da Refinaria Premium II”.
A afirmação da companhia vai de encontro, inclusive, à declaração dada pelo governador Cid Gomes de que o Estado já possui a escritura das terras, e que só não fez ainda o repasse por questões de agenda com a presidência da Petrobras e, possivelmente, com a chefe do Executivo Federal.
A reportagem tentou entrar em contato com a assessoria de comunicação da Casa Civil, entretanto foi informada de que o secretário Adail Fontenele (Infraestrutura) é quem poderia falar sobre o assunto. Já Fontenele disse que o tema estaria sob os cuidados da PGE (Procuradoria-Geral do Estado do Ceará). Contatado, o procurador de Meio Ambiente e Patrimônio da PGE, Diogo Musy, afirmou que o tema está sendo tratado internamente entre o Estado e a empresa.
À espera por nova visita
Tendo sido batizada de “a mãe do PAC”, Dilma Rousseff, então, é esperada novamente no Ceará para anunciar o início das obras da refinaria.
As primeiras obras para a instalação do empreendimento, que consistem no cercamento da área de dois mil hectares, deveriam ter sido iniciadas ainda em setembro do ano passado, como havia anunciado a própria Petrobras. Mesmo com atraso, uma solenidade para marcar o começo das intervenções foi pensada para o fim de 2011, inclusive com a presença de Dilma Rousseff sendo cogitada.
R$ 1,36 bi até 2014
Até 2014, a Premium II deverá receber investimentos de R$ 1,36 bilhão da Petrobras, com recursos assegurados pelo PAC 2. Como o empreendimento está programado para entrar em operação somente em 2017, o maior volume de aportes financeiros será concentrado no pós-2014, e os valores previstos em R$ 18,38 bilhões. Assim, o orçamento total da usina ficaria em R$ 19,74 bilhões.
Para PSDB, visita ao São Francisco é ´jogo de cena´
São Paulo. O PSDB divulgou nota criticando bastante a visita da presidente Dilma Rousseff a trechos das obras da transposição do rio São Francisco. Para o líder do partido na Câmara, Bruno Araújo (PE), a vistoria é apenas “jogo de cena”.
“Para os governos petistas, a transposição se resume a uma peça de propaganda. Em 2008, Lula e Dilma visitaram as obras de olho no calendário eleitoral. Agora, ano de eleição, a história se repete. A visita é apenas para dar a impressão de que as obras estão andando. No entanto, a realidade é que estão abandonadas”, afirmou.
De acordo com o líder, a transposição, uma das maiores obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), é um exemplo da incapacidade gerencial da presidente.
“A obra está mais cara do que o previsto, o calendário atrasado e, por conta do abandono, o trabalho que já foi feito começa a se deteriorar. Ou seja, é dinheiro público sendo jogado no lixo. E os brasileiros são prejudicados duplamente -pela demora na entrega da obra e por pagar a conta do desperdício”, disse.
A transposição prevê a construção de dois canais para levar água do rio São Francisco a 12 milhões de pessoas de 390 municípios situados em quatro estados nordestinos. São eles: Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, até 2025.
População avalia1 – Morei na área da Transnordestina em Missão Velha. É uma obra boa que já empregou muita gente, e desempregou também. Podemos acreditar nos benefícios no futuro. As estradas melhoraram na localidade e muitos pais de família estão empregados.
Maria das Dores dos Santos – agricultora
2 – Essa obra é de fundamental importância para os que sofrem há séculos com o problema da seca. Espero que seja o momento de Dilma sinalizar para a conclusão, que vai beneficiar os estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e o Piauí, principalmente.
José Pereira da Silva – Presidente do Sindicato dos Trabalhadores
3 – Rurais de Juazeiro do Norte A Transnordestina representa para o Nordeste crescimento inestimável, em função do que ela pode trazer para essa região. Ela traria um grande crescimento econômico, social e político. As pessoas acreditam que ela pode se consolidar, mas outras não confiam em sua conclusão.
José Martins Filho – advogado
4 – Essa obra da Transposição vai gerar mais emprego e desenvolvimento na agricultura. A nossa região é muito escassa de água. Isso também vai impedir que muitos nordestinos tenham que se deslocar para outras regiões, em busca de trabalho. Essa vai mudar a realidade de renda do Nordeste.
José Bráulio de Amorim Neto – comerciante
Fonte: Diário do Nordeste
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