Jeri se destaca no litoral Oeste do Estado por ser um lugar paradisíaco e também ponto de encontro do windsurfe
Jericoacoara é uma das praias brasileiras mais conhecidas no exterior. Abriga muitas histórias de vidas transformadas pela força dos ventos. Para encontrar essas histórias é preciso encarar estradas, trilhas, praias desertas separadas por rios que exigem travessia sobre balsa e até verdadeiras tempestades de areia. Tudo para desbravar um cenário internacional que cada vez mais tem aberto espaço para o surgimento de talentos locais em um dos esportes radicais mais antigos e, ao mesmo tempo atuais, do mundo: o windsurfe.
Condições são consideradas ideais para a prática do windsurfe Fotos: Natinho Rodrigues
Jeri dispensa apresentações. Com uma rara diversidade de paisagens, a mundialmente famosa também serve de cenário para manobras radicais de uma tribo que surgiu por lá há pelo menos 30 anos e que insiste em se renovar. A reportagem desembarcou na charmosa vila que ainda conserva suas ruas de areia no último fim de semana e logo de cara nos deparamos com condições extremas de vento.
A praia de areias brancas contrastava com as velas coloridas dos windsurfes que serpenteavam entre si e coloriam os “verdes mares” de uma das praias mais conhecidas do Brasil. E no meio daquela aquarela em movimento um carismático atleta nos esperava para contar um pouco de sua história, que se confunde com o nascimento da mais nova geração do windsurfe de Jericoacoara. Mas, não sem antes, dar um show de manobras para todos que pacientemente esperavam na praia o espetáculo mais famoso daquela parte do litoral cearense: o pôr do sol.
Desenvoltura
Ian Mouro mostrou porque já ostentou a 10ª colocação no ranking mundial de windsurfe. Com manobras modernas e agressivas, Ian exibia todo o seu talento e domínio da vela e da prancha comprovando a incrível vocação que a praia tem para revelar atletas de alto rendimento. Atletas estes que surgiram a partir da iniciativa do italiano Maurizio Gusella, um entusiasta do windsurfe que enxergou no esporte uma importante ferramenta de transformação social para as crianças de Jeri.
Segundo Ian nos explicou, apesar da praia ser famosa como polo internacional de wind desde a década de 1980, somente após a chegada de Maurizio o cenário começou a mudar para os nativos e residentes da praia.
Tudo começou quando o italiano disponibilizou alguns equipamentos e passou a ministrar aulas para que as crianças pudessem aprender o esporte e sentir a emoção de velejar embalados pelos poderosos ventos que sopram naquela parte do litoral. Ian era uma dessas crianças que nem imaginavam que suas vidas estariam sendo transformadas naquele momento.
Segundo Ian, sem a intervenção do italiano provavelmente nem ele tampouco os outros meninos de sua geração teriam alcançado os degraus que vêm conquistando nos últimos anos no cenário internacional.
Ceará é celeiro de talentos no windsurfe para o Brasil
Os windsurfistas que radicalizam nos mares cearenses também brilham lá fora. Caso de Ian Mouro que é um desses exemplos de quem soube aproveitar as oportunidades. As portas que o esporte lhe abriu deram um direcionamento em sua vida. Hoje, além de ajudar os pais no restaurante da família, Ian divide o tempo entre os treinos, que, nessa época, são quase diários, e viagens internacionais para competições e aperfeiçoamento da técnica do velejo. “Este ano foi muito especial pra mim, pois, pude voltar para Maui, no Havaí, e surfar aquelas ondas fantásticas. Foi um treino importante e já estou me preparando para retornar no ano que vem”, disse Ian, enfatizando que mesmo já tendo tido chance de viajar para vários lugares, é no Havaí que seu sonho se concretiza.
Para Ian Mouro, talento revelado nas ondas e ventos cearenses, este ano de 2013 está sendo muito especial. “Pude voltar para Maui, no Havaí, e surfar aquelas ondas fantásticas. Já estou me preparando para retornar no ano que vem”
No Havaí
Para quem não sabe, o Havaí não é o paraíso apenas para os surfistas. Muitos windsurfistas também viajam todos os anos em busca de suas ondas gigantes. Um dos mais conhecidos por lá é o cearense Marcílio Brawne Neto, que reside na ilha de Maui e pode ser facilmente encontrado nos dias de maiores ondas surfando e velejando ao lado dos amigos. Neste ano, além de Ian, quem também marcou presença no arquipélago havaiano foi Levi Lenz, que assim como Browzinho, vem de uma família tradicional no windsurfe cearense.
“O objetivo de minha ida ao Havaí foi exclusivamente, me preparar para a competição que vai rolar neste mês no Peru. Passei cinco meses lá, treinando muito forte e tive a rara oportunidade de surfar pela primeira vez a onda de Jaws, uma das maiores, mais perigosas e temidas do planeta. Depois ainda passei dez dias no Peru, treinando no local da competição que será a mais importante de toda a minha carreira até agora”, comentou Levi.
Segundo ele, as condições lá são totalmente diferentes das que ele está acostumado. “O vento sopra do lado oposto e nesse caso tenho que velejar com minha base invertida o tempo todo. Contudo, estou confiante que posso ir bem nesse campeonato e por isso espero conseguir manter o título”, declarou Levi, que irá ao Peru, no próximo dia 22, defender o título sul-americano de Wave, conquistado por ele no ano passado.
GEORGE NORONHA
ESPECIAL PARA O JOGADA
Com informações do Diário do Nordeste
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