Praia da Caponga precisa de R$ 12 mi para reverter erosão

A área é a mais prejudicada do litoral leste do Estado, segundo o diretor do Labomar, Luís Parente A faixa litorânea da Praia da Caponga, em Cascavel, distante 68,9Km de Fortaleza, está cada vez mais estreita. As construções à beira-mar são destruídas aos poucos em decorrência do avanço da maré e esta situação compromete o trabalho dos pescadores e o fluxo de turistas nesta época do ano. Um trecho da avenida litorânea já foi totalmente destruído. No local, foram colocadas pedras para sustentar as estruturas das casas que já se encontram abandonadas. Nesta época do ano, as marés ficam mais altas, e o espigão construído no ano passado não é suficiente para minimizar os estragos Foto: Kid Júnior Desde o último dia 11, os estragos foram intensificados em decorrência da ressaca do mar. De acordo com o diretor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), Luís Parente, a Praia da Caponga é a mais prejudicada do litoral leste do Estado. Para reverter esta situação, seriam necessários R$ 12 milhões em obras de contenção, como a construção de espigões, por exemplo. Segundo Parente, desde a última quinta-feira, o Labomar começou a fazer pesquisas de campo nos locais mais afetados pela ressaca do mar. Parente explica que, nesse período do ano, as marés ficam mais altas em decorrência do período de lua cheia e lua nova. Além disso, o diretor do Labomar diz que há outros fatores, como o alinhamento da Terra com o Sol e a Lua, além dos fortes ventos. O único espigão construído no ano passado não é suficiente para minimizar os estragos causados pela força da maré. De acordo informação disponibilizada no site da Prefeitura Municipal de Cascavel referente à gestão anterior, houve repasse de R$ 1 milhão pelo Ministério da Integração Nacional (MIN) para a construção de três espigões. Entretanto, “somente um espigão e meio foi construído, como informou o ex-secretário de Infraestrutura e Obras da Prefeitura Municipal de Cascavel, Joaquim Ciríaco. Repasse De acordo com Ciríaco, que estava à frente da Secretaria de Infraestrutura de Cascavel na gestão anterior, o Ministério da Integração Nacional repassou apenas R$ 500 mil “e por isso foi feita apenas metade da obra. Daí, tivemos que prestar contas com o Ministério e esperamos que seja feito o repasse da segunda parcela para concluir os outros espigões”, conta. Enquanto isso, o mar continua a avançar. De acordo com o ex-secretário, cada espigão possui 120 metros de extensão, seis metros de largura e quatro metros de profundidade. O atual secretário de Infraestrutura e Obras de Cascavel, Edinaldo Lima, disse que no momento são realizadas apenas as obras para contenção no calçadão da beira-mar e não soube informar como se encontra o projeto para a construção dos espigões no litoral. De acordo com a assessoria de comunicação do Ministério da Integração Nacional, o convênio firmado com a Prefeitura Municipal de Cascavel previa o envio de duas parcelas do orçamento para a construção dos espigões. A primeira, no valor de R$ 500 mil foi repassada e espera-se que os técnicos do Ministério verifiquem as obras. “Como o Ministério está numa fase de prestação de contas, aguardamos a documentação ser avaliada para que a segunda parcela seja repassada ao município”, confirma a assessoria de imprensa. Recursos 1 milhão de reais foi o orçamento para a construção dos três espigões na Praia da Caponga, em Cascavel, a serem repassados pelo Ministério da Integração Nacional Pescadores fazem vigília em noites de maré alta Os prejuízos ocasionados pelo avanço do mar na Praia da Caponga, em Cascavel, atingem principalmente os pescadores e moradores que residem à beira-mar, além da queda no turismo local. Os pescadores contam que é preciso fazer vigília em noites de maré alta para evitar que as embarcações sejam levadas pelo mar. Francisco Eilson Virgílio, 33, conta que o espigão construído melhorou o avanço do mar, mas ainda não foi suficiente para evitar os estragos. “Quando a maré avança muito, todos os pescadores colocam a jangada na estrada”, conta o pescador. Assim como ele, os colegas José Gomes Ferreira e José Leôncio da Silva contam que as casas localizadas à beira-mar encontram-se totalmente abandonadas. “Tinha um francês que morava aqui e foi embora com a família, deixando até a barraca abandonada porque não aguentou mais o avanço do mar”, conta Leôncio. Ele espera que as obras de contenção sejam realizadas para minimizar os danos. Faixa de areia O comerciante José Agostinho da Silva, 73, lembra que a faixa de areia era extensa o suficiente para jogar futebol. Hoje, até uma caminhada é prejudicada. Os turistas Enilson e Luísa Gonçalves, do Rio de Janeiro, frequentam o litoral de Cascavel duas vezes ao ano durante o período de alta estação e ficaram surpresos com o avanço do mar. “Viemos em julho do ano passado e a situação não estava desse jeito. A dona da casa disse que a onda foi tão forte que a água do mar entrou na casa”, conta. De acordo com o Enilson, já é de se esperar que o mar avance. “As construções estão erradas. Com a natureza ninguém pode brincar”, acredita. MAURÍCIO VIEIRA ESPECIAL PARA CIDADE Do Diário do Nordeste
Zeudir Queiroz

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