Iguatu. No início do terceiro mês da quadra chuvosa, permanece baixo e preocupante o nível dos 149 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Houve melhora no último mês, mas pontual, em pequenos e médios açudes. Dois estão sangrando: Tijuquinha, em Baturité; e Batalhão, em Crateús. Outros dois estão com volume acima de 90% (Curral Velho, em Morada Nova; e Gavião, em Pacatuba). O número de reservatórios com volume inferior a 30% caiu para 118. Esse número chegou a 129.
O Estado já tem como certa a falta de recarga significativa no atual período chuvoso. Afinal, não há previsão de intensas precipitações neste mês e em maio vindouro. Atualmente, o nível dos 149 açudes monitorados pela Cogerh é de 19,4%, segundo o boletim hidrológico atualizado ontem. No início deste ano, o nível dos reservatórios era um pouco maior, de 20,9%. É importante destacar que 30 açudes estão com volume morto e 21 estão secos.
A Barragem do Batalhão, uma das principais fontes hídricas de Crateús (distante 354 Km de Fortaleza), sangrou. O reservatório chegou a estar com volume abaixo de 1%, em fevereiro deste ano. A barragem está com cota máxima, mas é um reservatório de pequeno porte. Neste ano, os açudes Gavião e Tijuquinha já transbordaram.
A preocupação do governo do Estado é com os reservatórios estratégicos, de grande porte, que são responsáveis pelo abastecimento de centros urbanos e até da Capital, como o Banabuiú, Castanhão, Orós, Araras, Arneiroz II, Patu, Pedras Brancas, Fogareiro, Quixeramobim, General Sampaio e Figueiredo, dentre outros.
O açude Banabuiú está apenas com 1,46%. O reservatório vem perdendo água nos últimos anos para abastecimento da própria cidade de Banabuiú, Ibicuitinga, Morada Nova, parte de Russas e Fortaleza, além de áreas irrigadas do Promovale, entre Banabuiú e Morada Nova, Perímetro Morada Nova e Limoeiro e o Perímetro Tabuleiro de Russas.
No último dia 27, houve reunião na cidade de Limoeiro do Note, no auditório da Faculdade de Filosofia dom Aureliano Matos (Fafidam) para avaliação da operação de liberação de água dos Vales Jaguaribe e Banabuiú. O encontro foi marcado por forte tensão e discussão. O temor da possibilidade de falta de água para consumo humano e atividades produtivas já instala na região uma verdadeira guerra.
Quem está no entorno do reservatório quer o fechamento de válvula, temendo o açude secar por completo nos próximos meses. Já moradores de outras áreas lutam por mais liberação de água. A reunião tratou dos açudes Orós, Castanhão e Banabuiú. O Castanhão acumula 22% e o Orós 45%. Este deverá ser usado para reforçar o reabastecimento do Castanhão e ser mantido como segurança hídrica para a Capital, caso não ocorra recarga durante a quadra chuvosa de 2016. Foi o Orós que assegurou água para abastecimento de Fortaleza em 1993, pelo Canal do Trabalhador.
Mediante a situação de perda de nível dos reservatórios, o presidente da Cogerh, João Lúcio Farias, disse que o Estado precisar dar um salto do ponto de vista da economia do uso dos recursos hídricos e destacou as ações de utilização de água subterrânea, perfuração de poços profundos para atender centros urbanos. “Um desafio que temos é melhorar o uso da água e começar a dessalinizá-la para atender os municípios. O Sistema dos Recursos Hídricos tem dado suporte, mesmo com os problemas que o Ceará vem enfrentando”, diz João Lúcio.
Muito crítica
Das 12 bacias hidrográficas do Estado, quatro permanecem em situação muito crítica: Curu (3,05%), Sertões de Crateús (4,51%), Banabuiú (5,68%) e Baixo Jaguaribe (1,70%). A secretaria de Recursos Hídricos (SRH) esclareceu que o governador Camilo Santana está em entendimento com o governo federal para definir alternativas em socorro às cidades que enfrentam desabastecimento.
A Assessoria de Imprensa da SRH esclareceu que a relação inicial de cidades que constava no Programa de Combate aos Efeitos da Seca, anunciado pelo governador, sofreu modificações e que não há uma lista fechada, tendo em vista melhoria em nível de reservatórios, perfuração de poços e instalação de adutoras. Após a quadra chuvosa será feito e divulgado um novo levantamento.
Mais informações:
Cogerh – Fone: (85) 3218- 7024
SRH – Fone: (85) 3101- 4004
Honório Barbosa
Colaborador
Fonte: Diário do Nordeste
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