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Traficantes impedem ônibus de seguirem até o fim da linha

Os traficantes da comunidade do Dendê impedem, desde a última quarta-feira (5), que os ônibus das linhas Edson Queiroz/Centro e Edson Queiroz/Papicu cheguem até o fim do seu percurso. Se a vontade deles não for cumprida, a ameaça é de que os coletivos sejam depredados e queimados. O impedimento começou após uma discussão entre um motorista de ônibus e um motoqueiro, na noite de quarta.

De acordo com os motoristas, a confusão começou quando o motoqueiro estacionou o seu veículo atrás de um ônibus que estava dando ré. Ao ver a sua motocicleta colidir e cair no chão, o proprietário, junto com outros homens, partiu para cima do condutor, fazendo ameaças.

Após o incidente, os coletivos vão, no máximo, até o ponto localizado na Rua Cidade Ecológica, também conhecido como Cruz Grande. A Praça Margarida Maria Saboia, localizada na Rua Dr. Carlos Ribeiro Pamplona, também está recendo um grande número de usuários afetados por esse problema.

Na manhã de ontem, os usuários de ônibus que utilizam as paradas seguintes àquela localizada na Rua Cidade Ecológica tiveram que ir andando até esta última via para conseguir embarcar na condução.

Segundo um motorista que não quis se identificar, os traficantes prometeram depredar e pôr fogo nos coletivos que chegassem até o fim da linha. “Eles disseram que iriam colocar o motorista e o cobrador para correr”, afirmou.

Ele ainda acrescentou que a categoria evita fazer denúncias, pois tem medo de acabar sofrendo represálias, já que eles trabalham todos os dias dirigindo por toda aquela região. “Hoje, havia muitos policias por aqui, mas a gente sabe que isso não vai acontecer 24 horas por dia e nem todos os dias”.

Desinformação

Devido às mudanças de paradas dos coletivos, os passageiros acabaram ficando confusos. “Os passageiros não sabem onde pegar o ônibus e nem onde vão descer. O pior é que ninguém sabe quando isso vai voltar ao normal”, reclamou uma moradora da região, que não se identificou.

Ela acrescentou que a população tem medo de que algo grave aconteça. “Se o ônibus for até um local que não deve, ninguém sabe o que poderá acontecer”.

Segundo o Capitão Lima, do 8º Batalhão do Batalhão de Policiamento Comunitário (BPCom), não houve nenhuma determinação dos traficantes para que os ônibus não trafegassem na comunidade. Ontem, havia duas viaturas na região e nenhuma ocorrência foi registrada.

Ainda conforme o capitão, quando os policiais do Ronda do Quarteirão chegaram ao local da discussão, o motoqueiro correu para cima de um dos PMs e tentou tomar a sua arma. Para se defender, o policial atirou na panturrilha do sujeito. Foi elaborado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), por desacato e resistência à prisão, e o motoqueiro foi solto.

A Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) informou, por meio de nota, através da sua assessoria de comunicação, que os motoristas dos coletivos se negam a fazer o percurso alegando falta de segurança.

“A Etufor e o Sindiônibus estão trabalhando com uma operação especial para atender a demanda de passageiros. Os ônibus estão seguindo até R. Rosa Cordeiro, próximo ao condomínio Valparaíso, e de lá os passageiros descem e embarcam em um outro ônibus que segue por dentro do bairro. A medida está sendo adotada para garantir mais segurança, uma vez que apenas um veículo circula pelo bairro. A operação especial será mantida até que a situação seja normalizada”, explica o texto da assessoria.

Insegurança

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Transporte Rodoviários no Estado do Ceará (Sintro), Domingo Neto, disse que, na manhã de ontem, o sindicato foi até o local e orientou os motoristas a não seguirem viagem até o fim das linhas. Enquanto isso, eles devem parar na praça Margarida Maria Saboia. “Orientamos que eles façam isso até que as empresas de ônibus solucionem o problema de falta de segurança”, explicou o presidente.

Neto ressaltou que o motorista de ônibus não foi culpado pela colisão, mas mesmo assim sofreu diversas ameaças. “Infelizmente a nossa categoria não tem segurança durante o seu trabalho”, lamentou.

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz