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Preso acusa quatro policiais civis de apoio ao tráfico no Ceará

Um delegado da Polícia Civil e mais três policiais dariam segurança a traficantes investigados na Operação Cardume

Audiência de instrução para ouvir testemunhas de acusação e defesa na Operação Cardume
Audiência de instrução para ouvir testemunhas de acusação e defesa na Operação Cardume

Quatro policiais civis, entre eles dois lotados na Coordenadoria de Inteligência (Coin) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) e um delegado, dariam apoio logístico a traficantes investigados na Operação Cardume. A revelação foi feita pelo preso Lindoberto Silva de Castro após acordo de colaboração premiada homologado, em novembro do ano passado, pelo juiz Danilo Fontenele Sampaio, da 11ª Vara Federal de Fortaleza.

A delação de Lindoberto de Castro veio a público nesta terça-feira, durante audiência para ouvir sete testemunhas de acusação do processo que apura a responsabilidade de 28 pessoas denunciadas pelo procurador federal Lino Edmar de Menezes, por tráfico internacional de drogas e outros crimes.

No depoimento de quase três horas do delegado federal Janderlyer Gomes de Lima, que comandou as investigações da Operação Cardume, a narrativa e indicações de provas de Lindoberto reforçaram o trabalho que vinha sendo feito pela Polícia Federal (PF) em cima de um consórcio de traficantes internacionais de drogas e armas que operavam entre a Bolívia, Paraguai, Fortaleza, Portugal e Itália.

Lindoberto de Castro, preso com a deflagração da Operação Cardume, em março de 2015, acabou confessando a participação nos crimes que envolviam a quadrilha que movimentou milhões com o tráfico. Relacionou nomes e como a organização criminosa se movimentava para lavar o dinheiro sujo das das drogas. Antes da delação, a PF tinha um vasto material de prova colhida via interceptações telefônicas, acompanhamento de suspeitos, aqui e fora do Brasi,l e documentação apreendida.

Ao O POVO, Janderlyer de Lima afirmou que as acusações contra os policiais foram encaminhadas para a abertura de outra investigação. Na época, o delegado estava à frente da Delegacia Federal de Repressão a Entorpecentes. Hoje, é chefe da Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros.

Segurança policial

Em um dos trechos da delação, Lindoberto afirma que os quatro policiais civis dariam cobertura ao transporte das cargas de drogas no Ceará. Em Fortaleza, diz o traficante, teria havido apoio de segurança para o transporte de um carregamento de 5 mil quilos de maconha, 100 kg de cocaína, 100 kg de crack e seis armas (fuzis e pistolas). A encomenda teria sido levada de Fortaleza para Itaitinga, município da Região Metropolitana de Fortaleza, onde está situada a maior parte dos presídios do Estado.

A paga pela segurança dos policiais, que teriam participado de mais de uma ação com os traficantes, seria a propina que variava de R$ 50 a R$ 100 mil. “Não sei em que estágio estão essas investigações”, afirmou o delegado Janderlyer de Lima.

Risco de morte

Após a delação de Lindoberto de Castro, o advogado Artur Júnior, pediu em “caráter de urgência” a transferência do traficante de presídio que não oferecia segurança para outra unidade no Ceará. Em maio deste ano, o juiz federal Danilo Fontenele ecaminhou a solicitação à Secretaria da Justiça do Ceará (Sejus).

A transferência foi autorizada pelo juiz estadual Cézar Belmino, da Corregedoria dos Presídios e Estabelecimentos Penitenciários da Comarca de Fortaleza. No entanto, com as rebeliões no sistema penitenciário cearense, em maio último, e a falta de controle da situação por parte da Sejus, Linbdoberto de Castro foi posto em um área que “corre risco de morte”. Segundo o advogado Artur Júnior, é necessário que ele seja transferido urgentemente para um local onde possa “usufruir de seu benefício recebido por causa do acordo de colaboração premiada”. Sob pena de o Estado responder por qualquer dano à sua vida.

Números 

28

pessoas foram denunciadas por tráfico pelo procurador Lino Edmar de Menezes

Saiba mais

Procurado pelo O POVO, o secretário da Segurança Pública do Ceará, Delci Teixeira, afirmou, via assessoria de imprensa, que “não recebeu nenhuma comunicação” sobre a delação do traficante Lindoberto Silva de Castro e a acusação de quatro policiais civis que estariam sendo investigados na Operação Cardume. Ele irá “aguardar para conhecer o caso”.

O POVO não revela o nome dos policiais
civis citados por Lindoberto de Castro porque a delação ainda está em processo de investigação e checagem.

O inquérito-mãe da Operação Cardume
foi instaurado em 8/10/2013 na Polícia Federal.

Hoje serão ouvidas 22 testemunhas de
defesa dos 28 denunciados na Operação Cardume. Ontem foram sete testemunhas de acusação. Pelo menos 23 advogados acompanharam a audiência na 11ª Vara Federal.

Fonte: http://www.opovo.com.br/

Zeudir Queiroz