Pesquisa Nacional: CE possui a 7ª pior distribuição de médicos do País

Consulta “Demografia médica no Brasil 2011” mostra que o Estado tem 1,11 profissional para cada mil pessoas Mesmo com mais de 14 mil médicos, o Ceará possui a sétima pior distribuição destes profissionais por mil habitantes, do País. Segundo a pesquisa “Demografia médica no Brasil 2011”, o Estado tem 1,11 destes profissionais para cada grupo de mil pessoas. A má distribuição de médicos é uma preocupação nacional. No Ceará, o presidente do Sindicato dos Médicos, José Maria Pontes, diz que os profissionais preferem ficar nas Capital devido à falta de condições de trabalho FOTO: RODRIGO CARVALHO No entanto, conforme o presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec), José Maria Pontes, a maior parte destes profissionais está em Fortaleza, o que causa um desequilíbrio na distribuição. Segundo ele, isso acontece devido à falta de condições de exercer a medicina no Interior, além dos baixos salários. “As condições são precárias e, por isso, os profissionais não se fixam. Sem contar com os baixos salários”. O presidente do Simec diz que o Ceará não sofre com a carência de médicos, mas, sim, com a má distribuição destes. “A falta de políticas públicas para fixar este profissional no Interior é um grande entrave. Quanto mais distante a cidade, mais precárias são as condições”. Mesmo com a criação das 22 policlínicas e dos hospitais regionais previstos para as regiões do Interior, criados pelo Governo do Estado, Pontes explica que estas unidades, pelo menos as policlínicas, não dão estabilidade aos médicos. “Não tem concursos, são contratos e, dessa forma, não tem como fixar o médico nestas localidades”, afirmou. Análise A má distribuição de médicos é uma questão preocupante não somente no Ceará, mas em todo o País. Tanto é que foi tida como um dos principais desafios na área da saúde pela publicação “Políticas Sociais: acompanhamento e análise”, divulgada, ontem, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e que faz uma análise da situação. Segundo indicador produzido para compor a publicação “Indicadores e dados básicos de saúde do Brasil, da Rede Interagencial de Informações para a Saúde (IDB/Ripsa)”, o Brasil tinha, em média, no ano de 2008, 1,8 médico por mil habitantes. Este indicador apresenta grandes diferenças regionais, estando acima de três médicos por mil habitantes no Distrito Federal e no Estado do Rio de Janeiro; em torno de dois médicos por mil habitantes no Rio Grande do Sul e em São Paulo, enquanto era de menos de um ou muito próximo de um médico por mil habitantes na maioria dos Estados das regiões Norte e Nordeste. De acordo com a publicação, a distribuição desigual pode ser observada também nos relatórios gerados pelas auditorias realizadas pela Controladoria-Geral da União (CGU). Iniciadas em 2007, estas geraram relatórios enviados ao Ministério da Saúde, no início de 2010. Alguns destes relatórios mostraram que havia vários municípios que não cumpriam as regulamentações da Política Nacional de Atenção Básica à Saúde quanto à carga horária de 40 horas semanais para médicos vinculados às Equipes do Programa Saúde da Família (PSF). O estudo reconheceu que, mesmo nos lugares onde há oferta em quantidade adequada de médicos, existe carência de capacitação para atuação na estratégia de Saúde da Família. Interior Conforme José Maria Pontes, em alguns municípios do Interior do Estado, os salários variam entre R$ 8 e R$ 13 mil, porém não há condições de trabalho. “Quem estuda em faculdade privada e pagou milhões para se formar não vai se submeter a trabalhar em uma cidade onde o posto de saúde não oferece o mínimo de segurança”, justifica. Medidas O secretário da Saúde do Estado, Arruda Bastos, disse que, com a construção de dois hospitais regionais, um em Juazeiro do Norte, no Cariri, e outro em Sobral, na região Norte, serão disponibilizados, respectivamente, 210 e 320 médicos para atender à população das áreas em questão. Além disso, conforme o gestor, são construídas 150 unidades básicas de saúde e, aproximadamente, 159 carros foram entregues para facilitar a locomoção. Efetivo 14mil médicos estão distribuídos nos municípios do Ceará, no entanto, conforme dados do Sindicato dos Médicos, a maior parte está na Capital 150 unidades básicas de saúde estão em construção no Estado, segundo o secretário da Saúde. Além disso, 530 médicos têm sido prometidos para o Interior Do Diário do Nordeste
Zeudir Queiroz

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