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Morre professora universitária com suspeita de H1N1 em Fortaleza

Um caso suspeito de H1N1 culminou com a morte de Edilene Ribeiro Batista, 50 anos, nessa segunda-feira, 30. A professora universitária estava internada desde o último dia 21 de abril na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Aldeota.

Edilene Ribeiro Batista. (Foto: Facebook/ Reprodução)
Edilene chegou ao hospital com quadro grave de insuficiência respiratória. Na segunda-feira, 30, a paciente chegou a ser reanimada, mas não resistiu e morreu.
Por meio de nota, o hospital particular informou que a doença que causou a morte de Edilene não foi confirmada. “O resultado do material coletado foi enviado para o Laboratório Central de Saúde Pública do Estado do Ceará (Lacen), como regulamenta o Governo”.
Ainda de acordo com a nota, o Lacen até o momento não emitiu laudo investigatório.
O POVO Online tentou contatar, por telefone, a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará para checar atualização de casos suspeitos e confirmados de H1N1 no Ceará. As ligações, no entanto, não foram atendidas.
Os alunos da professora a homenagearam com uma mensagem. Confira abaixo:
“Edilene: presente!

Faleceu ontem, 30/04, Edilene Ribeiro Batista, professora do curso de Letras da Universidade Federal do Ceará, vinculada ao Departamento de Literatura e ao Programa de Pós-Graduação em Letras. Nós, alunos e alunas deste Programa, queremos com essa nota expressar nosso apoio e solidariedade a seus familiares, amigos e, especialmente, a seus orientandos e a suas orientandas (egressos e atuais), nossos/as amigos/as de mestrado e doutorado.

A professora Edilene coordenava o grupo de estudo e pesquisa “Outras Vozes: Gênero e Literatura”, investigando questões em torno da autoria e figuração femininas e seus desdobramentos. Nesse âmbito, ao qual se dedicou com especial interesse, como provam seus trabalhos de mestrado (Memorial da Donzela Guerreira, UnB, 1999) e doutorado (Fragilidade e Força: Personagens Femininas em Charles Perrault e no Mito da donzela Guerreira, UnB, 2004), ultimamente trabalhava com escritoras brasileiras do período colonial, em um gesto de revisão e indagação do cânone.

Assim, como intelectual e crítica literária, colocou seu trabalho e pensamento a serviço de demandas inadiáveis para o cenário contemporâneo, na medida em que não se furtava a debater o lugar da mulher na literatura, as contribuições da teoria crítica feminista para seu campo de estudo e, sobretudo, as interdições a que as mulheres estão/estiveram historicamente submetidas. Como figura humana, deixou o exemplo da amizade e da generosidade.

Essa nota quer, pois, fazer justiça ao espírito que animava as aulas, os trabalhos, as orientações da professora Edilene, que insistia em um esforço de memória para com as autoras que o sistema literário preferiu silenciar. Hoje as nossas vozes reúnem-se para marcar sua presença entre nós e dizer, sobretudo, que ela jamais será esquecida.

Alunos e alunas do Programa de Pós-Graduação em Letras,
Fortaleza, 1º de maio de 2018.”

Fonte: O POVO Online
Zeudir Queiroz