Mercado reage e gera 21 mil vagas na Região Metropolitana de Fortaleza

Apesar da melhoria de cenário, os ganhos não foram suficientes para recompor o poder de compra dos salários Depois de quatro meses consecutivos de queda, o nível ocupacional na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) apresentou a primeira elevação do ano no último mês de maio, enquanto o desemprego permaneceu estável. Já o rendimento médio real voltou a crescer em abril para o total de ocupados assalariados. Mas apesar da melhoria de cenário no mercado de trabalho da RMF, os ganhos não foram suficientes para recompor o poder de compra dos salários devido a inflação. Foram geradas 21 mil novos postos de trabalho. De acordo com a edição de maio da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgada ontem na Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS) por técnicos do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a taxa de desemprego total caiu entre abril e maio de 8,8% para 8,6% da População Economicamente Ativa (PEA). Em números absolutos, o contingente de desempregados no quinto mês de 2013 totalizou 155 mil pessoas – dois mil a menos em comparação ao mês anterior e vinte mil abaixo do total contabilizado em maio do ano passado. A queda no desemprego resulta da diferença entre os 21 mil postos de trabalho gerados no mês e o ingresso de 19 mil pessoas na PEA. Ocupação subiu 1,3% O nível de ocupação expandiu 1,3% em maio de 2013, sendo contabilizados 1,64 milhões de pessoas ocupadas no respectivo mês contra 1,62 milhões de ocupados em abril do corrente ano e 1,61 milhões em maio de 2012. “Há dois pontos básicos constatados nessa pesquisa. Primeiro é que houve reversão na tendência de crescimento do desemprego. Segundo é que a estabilidade do desemprego na RMF em maio resulta efetivamente da expansão do nível ocupacional”, destaca o analista de mercado do IDT, Mardônio Costa. Jovens e mulheres Em contrapartida, ele lembra que “os trabalhadores jovens, negros e mulheres continuam a ter mais dificuldades de conseguir emprego na RMF e, geralmente, quando eles se inserem é com salários mais baixos”. Segundo o analista, “a relação jovem X adulto piorou entre 2009 e 2012 em termos do desemprego. A grande maioria dos postos gerados nos últimos anos foram absorvidos por trabalhadores adultos, fazendo com que o desemprego caísse mais entre eles”. Setores O estudo revela que a elevação das ocupações foi puxada pelos setores de serviços e indústria de transformação, que criaram 15 mil e 9 mil postos de trabalho em maio, respectivamente, correspondendo a 2% e 3% de elevação, nessa mesma ordem. Por sua vez, o segmento de comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas eliminou dois mil postos de trabalho no quinto mês de 2013, experimentando 0,5% de retração. Já a construção civil não apresentou variação, mantendo as mesmas 146 mil ocupações do mês anterior. Para Costa, “o aumento das ocupações no setor de serviços pode estar relacionado à intensificação das contratações nas áreas de hotelaria e de bares e restaurantes para atender o aumento da demanda com a Copa das Confederações”. “Mas essa é apenas uma tese preliminar que pode ou não ser confirmada na PED de junho”, alerta. Em relação ao crescimento dos postos de trabalho na indústria, Mardônio afirma ser um indicativo que o setor estar produzindo. Menos vendas Já o desempenho negativo do comércio em relação às ocupações, ele afirma ser reflexo da queda nas vendas. “Há três meses o comércio da RMF vem eliminando postos de trabalho. E isso ocorre porque ele está vendendo menos. Na variação anual (abril 2013 ante igual período de 2012) a renda do trabalhador da RMF caiu 2,1%, de R$ 1.078,00 para os atuais R$ 1.055,00. “Além da variação ter recuado no ano, a inflação fez reduzir mais o poder de compra dos salários, impedindo a recomposição da renda, apesar de ter ocorrido um crescimento de 2,3% no comparativo mensal do rendimento”, avalia Ediran Teixeira, coordenador da pesquisa realizada pelo Dieese nas regiões metropolitanas das principais cidades brasileiras. Considerando apenas o mês de abril o rendimento médio real dos ocupados cresceu 2,3% enquanto o dos assalariado variou 2,1%, passando a valer, respectivamente, R$ 1.055,00 e R$ 1.117,00. Foi registrado também aumento de 4,2% da renda média real dos autônomos, que passou a equivaler a R$ 793,00. A massa de rendimentos reais cresceu tanto para ocupados (1,5%) quanto para os assalariados (0,9%) devido a elevação do rendimento médio, em ambos os casos, já que houve retração do nível ocupacional em abril do corrente ano. No conjunto das sete regiões contempladas no estudo Mercado de Trabalho Metropolitano, Fortaleza teve a maior alta no rendimento médio (2,3%), seguida de Recife (0,9%) e Porto Alegre (0,5%). Porém, em valor (R$ 1.055,00), o trabalhador da RMF continua a ter a pior renda média em comparação as outras regiões pesquisadas, se aproximando apenas de Salvador (R$ 1.087,00), que experimentou 0,8% de retração no valor do rendimento. Fortaleza permanece com a terceira menor taxa de desemprego (8,6%) dentre as regiões, tendo a frente Porto Alegre (6,5%) e Belo Horizonte (7,4%). Para Ediran Teixeira, é preciso melhorar o mercado de trabalho da RMF não só no aspecto da formalização, mas também na qualidade do emprego gerado, com a criação de postos de trabalho descentes. (AC) Fonte: Diário do Nordeste
Zeudir Queiroz

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