Fortaleza subiu 24 posições no ranking dos assassinatos de um ano para o outro. No Brasil é, agora, a quarta capital com a maior taxa de homicídios. Especialista critica política de segurança
Alcançou mais uma marca preocupante o ano que rendeu a Fortaleza o maior número de assassinatos da história da capital cearense. Com um aumento de 47% nos homicídios dolosos em relação a 2011, 2012 fez de Fortaleza a 13ª cidade mais violenta do mundo, segundo relatório do Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal – uma Organização Não-Governamental (ONG) sediada no México que, desde 2002, analisa políticas públicas, impunidade, narcotráfico, sequestro e segurança.
O ranking da ONG cita 15 capitais brasileiras entre as 50 metrópoles com as mais elevadas taxas de assassinato do planeta. O índice é um quociente entre o contingente populacional e o número de mortes intencionais de cada localidade. Fortaleza figura na quarta pior situação do Brasil. No Nordeste, é a terceira (ver mapa). Rio de Janeiro e São Paulo – que lideraram por anos os homicídios no País – não são citados na lista.
Em relação ao mesmo estudo de 2011, Fortaleza piorou 24 posições no ranking. Tinha uma taxa homicida de 42,90 – que lhe deixava em 37º lugar mundial – e saltou para uma taxa de 66,39 em 2012 – dando-lhe o 13º lugar. Trata-se do maior avanço dentre as capitais brasileiras. João Pessoa, o segundo maior crescimento, subiu 19 lugares.
Em 2011, Fortaleza era a 11ª capital brasileira com o maior índice de assassinatos por grupo de 100 mil habitantes. Piorou, portanto, sete posições no ranking do ano seguinte – quando apareceu no quarto lugar.
Maceió, cuja taxa de homicídios era de 135,26 em 2011 (terceiro lugar mundial e primeiro do Brasil), apresentou em 2012 taxa de 85,88. A redução não fez a capital alagoana perder o posto de mais violenta do País, mas melhorou em três posições a situação da cidade no ranking mundial.
Belém, Macapá, Curitiba e Belo Horizonte também recuaram posições na lista das 50 metrópoles mais violentas do mundo. No ranking brasileiro, reduziram 16, nove, três e três posições, respectivamente. As demais capitais do País constantes no ranking pioraram as taxas homicidas de um ano para o outro.
Silêncio
O POVO procurou a Secretaria Estadual da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) na tentativa de saber quais medidas serão implementadas para reduzir os índices de violência de Fortaleza.
A reportagem foi informada pela assessoria de imprensa de que a pasta desconhecia a pesquisa (pública e disponibilizada no site da ONG mexicana desde 19 de fevereiro) e só poderia posicionar-se após analisá-la. O POVO enviou o documento à assessoria da SSPDS. Ainda assim, nenhum representante da secretaria quis comentar o estudo.
ENTENDA A NOTÍCIA
A integração de políticas de segurança com a de outras áreas é apontada como meio de reduzir a violência. Experiências em São Paulo, Colômbia e Minas Gerais já mostradas pelo O POVO provam que junção dá certo.
Serviço
O estudo “As 50 cidades mais violentas do mundo”, da ONG mexicana, pode ser acessado em: bit.ly/X2tL2j
Saiba mais
Segundo Geovani Jacó, cerca de 70% dos casos de assassinatos ocorrem perto das residências das vítimas. “Ou seja: a população está se matando. E está se matando porque não há mediação do Estado na prevenção dos conflitos de baixa potencialidade.
Uma disputa de território pode evoluir para um homicídio”, explica o pesquisador do LEV/UFC.
Em outras reportagens do O POVO sobre o tema assassinatos, representantes da SSPDS atribuíram os altos índices à ligação dos casos ao tráfico de drogas. A pasta estima uma correlação
de cerca de 90%.
Especialistas em violência rebatem a afirmação e cobram da secretaria a apresentação de estudos detalhados que comprovem os dados e tragam o perfil das vítimas.
Das 50 cidades listadas pela ONG mexicana no ranking, 47 são da América Latina. Apenas três situam-se na África.
Ontem, O POVO mostrou que a Prefeitura de Fortaleza pretende criar uma rede de amparo aos jovens em conflito com a lei que estejam cumprindo medidas socioeducativas. A ideia é oferecer a eles oportunidades de qualificação para o ingresso no mercado de trabalho. No caso dos dependentes químicos, garantir também a submissão a tratamentos ou períodos de desintoxicação em clínicas especializadas.
Números
1.628
homicídios foram registrados em Fortaleza em 2012
66,39
foi a taxa de homicídios da capital cearense no ano passado
47%
foi o aumento no número de homicídios em um ano em Fortaleza
Fonte: O Povo
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