“Facções criminosas no Ceará: o domínio de quatro grupos”

Estudiosos têm destacado uma relação direta entre a atuação de facções criminosas no Ceará e o alarmante aumento da violência no estado. Dados da Secretaria da Segurança Pública revelam que, apenas nos primeiros seis meses deste ano, mais de 1.600 mortes violentas já foram registradas, um número preocupante que tem mobilizado as autoridades locais.

De acordo com o sociólogo Raul Thé, autor do Atlas da Violência de 2022, quatro grupos criminosos operam no estado, atuando como verdadeiras “indústrias do crime”. Thé destaca que essas organizações não apenas perpetuam a violência, mas também lucram significativamente com suas operações, estabelecendo um domínio territorial marcado por confrontos frequentes pelo controle de áreas estratégicas.

Um morador de Fortaleza, que preferiu não se identificar, forneceu relatos exclusivos sobre a divisão territorial das facções na cidade. Por exemplo, o bairro José Walter está dividido entre duas facções, uma originária do Rio de Janeiro e outra local. No Janguru Sul, predominam dois grupos locais, enquanto em Messejana há uma divisão entre facções do Rio, locais e de São Paulo.

Essa fragmentação do controle territorial tem contribuído diretamente para o aumento da violência, evidenciado por confrontos como os recentes no Barroso, onde facções rivais têm disputado o domínio, resultando até mesmo em tentativas de chacina.

A ascensão das facções criminosas no Ceará ganhou força a partir de 2010, atraindo jovens de gangues locais e exacerbando os índices de criminalidade, especialmente no que tange ao tráfico de drogas e armas. Especialistas enfatizam que essa dinâmica complexa está profundamente enraizada em condições socioeconômicas desfavoráveis e políticas de segurança pública que frequentemente falham em abordar suas causas estruturais.

Fernanda Mamede, coordenadora do Núcleo de Apoio às Vítimas de Violência Urbana da Unifor, ressalta que muitos dos envolvidos com essas facções começaram seu envolvimento enquanto estavam sob custódia do Estado, sublinhando a falta de programas eficazes de ressocialização tanto dentro quanto fora do sistema penitenciário.

Diante desse cenário preocupante, é evidente que uma abordagem mais ampla e estrutural é necessária para enfrentar e superar os desafios impostos pela crescente influência das facções criminosas no Ceará.

Com informações do Gcmais

 

Zeudir Queiroz