Os deputados Ivo Gomes (PROS) e Heitor Férrer (PDT) trocaram acusações e insinuações, ontem, durante sessão ordinária na Assembleia. Ivo, que é irmão do governador Cid Gomes e foi secretário de Educação de Fortaleza, chegou a dizer que Heitor Férrer empregava parentes na gestão passada da Capital cearense, enquanto o pedetista criticou a falta de fidelidade partidária da família de Ivo.
A discussão entre os dois teve início quando o pedetista leu matéria do Diário do Nordeste, do caderno de Negócios, em que o secretário de Turismo, Bismarck Maia, afirmou que as obras de construção do Acquário Ceará seriam concluídas até o fim do ano, ressaltando ainda que o Governo do Estado faria uma pareceria com a iniciativa privada para a administração daquele equipamento do Estado.
O parlamentar foi contra a proposta de parceria do Poder Executivo, e chegou a dizer que seria favorável a uma Parceria Público-Privada (PPP), desde que esta fosse realizada no início dos trabalhos da construção, e não somente depois dos gastos com o dinheiro do contribuinte.
“Ora, se o equipamento foi feito com dinheiro público, agora quer passar a atividade para a iniciativa privada? A vocação do Estado não é para tomar conta de usina de álcool, nem manutenção de acquário caro”, disse.
Equipamento
“Na construção do acquário deveria o senhor governador ter trazido a PPP para a sua construção, e não depois de o equipamento todo feito chegar na atividade privada e dizer que o povo gastou R$ 500 milhões e agora vocês fiquem com o equipamento”, ironizou, acrescentando que as recentes atitudes de Cid vão contra aquilo que se definiu como um Estado moderno.
Para o deputado Ivo Gomes, há contradições em Heitor Férrer, em sua postura parlamentar e postura política, além da postura de homem público. “Ele se diz participar de um partido de esquerda ou de centro-esquerda. O deputado Heitor Férrer é uma esfinge, ninguém consegue entender o que ele é, na realidade”, apontou Ivo Gomes.
Neoliberais
Gomes questionou em quem Férrer votou no primeiro e segundo turno para presidente da República nas últimas quatro gestões, para Governo e para prefeito de Fortaleza. “Ninguém sabe em quem ele votou, mesmo quando o PDT teve candidato. Ele agora defende, claramente, posições neoliberais que fazem com que Getúlio Vargas e Leonel Brizola se remexam nos seus túmulos”.
Ivo afirmou não ser neoliberal, e disse que Cid Gomes adquiriu a empresa processadora de cana no Cariri porque a iniciativa privada não demonstrou interesse. Para ele, o Acquário do Ceará é importante para a economia do Estado, destacando que em Cuba também existe um acquário, principalmente, para alavancar o turismo local. “O Acquário do Ceará não vai ser privatizado. Nós somos um Governo de centro-esquerda e defendemos a intervenção do Estado na economia”, disse.
Em resposta a Ivo Gomes, Heitor Férrer disse que o parlamentar, juntamente com o governador Cid Gomes, nunca procuraram se estabelecer em um partido. “Eu faço mais críticas do que elogio, porque não concordo com o Governo. Nós nem sabemos se tem acquário em Cuba, pois não é por esse motivo que vamos a Cuba”, disse ele, que chegou a revelar os seus votos nas últimas eleições. Mesmo sem ter feito campanha para a ex-candidata à prefeita de Fortaleza, Patrícia Saboya, o parlamentar afirmou que votou na ex-colega de partido.
Ivo Gomes, por sua vez, disse que estava “com a alma lavada”, pois Heitor havia manifestado seus votos. “O voto é secreto para cidadão comum. Nós temos que ter lado, porque é isso que a população espera. Eu me sinto orgulhoso em ter arrancado de vossa excelência as suas posições do passado”, disse ele que confirmou que sua família passa por uma “tragédia partidária”. No entanto, destacou que isso somente acontece porque ele e os irmãos Cid e Ciro Gomes têm posição, o que seria diferente por parte de Heitor Férrer.
“Vossa excelência não tem posição nenhuma. Nas eleições talvez tivesse constrangido em votar a favor da situação pela parentada empregada na Prefeitura, inclusive, na Secretaria de Educação”, disse Ivo. Segundo ele, familiares de Heitor Férrer perderam cargos comissionados “porque era eu quem nomeava”. E disse que o pessoal do PROS que deixou o PSB o fez por conta do compromisso que tinha com a presidente Dilma Rousseff e não era do estilo dele “pedir votos na calada da noite”.
Fonte: Diário do Nordeste
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