Um vídeo de uma criança sendo humilhada e agredida por um policial no Ceará foi divulgado nas redes sociais e causou indignação e revolta nos internautas.
Nas imagens, o menino algemado é obrigado a imitar um personagem de desenho infantil e, em seguida, é covardemente agredido no rosto por um policial, que ri da situação.
Um rapaz também é violentado e forçado a cantar. “Tu sabe imitar o quê? Bora, canta uma música pra mim. Se tu errar, tu apanha”, diz o policial, que – em seguida – dá tapas na cabeça do jovem.
O portal Tribuna do Ceará entrou em contato com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Segundo o órgão, o vídeo está em análise pela Coordenadoria de Inteligência (Coin) para verificar quando foi gravado e se os agressores são agentes de alguma instituição vinculada à Secretaria.
“Caso seja comprovada a participação de qualquer servidor da segurança cearense, seja da SSPDS ou da Secretaria de Justiça, a denúncia será imediatamente encaminhada para a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD), órgão responsável por investigar e punir os agentes com mau comportamento”, disse por meio de nota.
http://www.youtube.com/watch?v=tEZeneKKuzs
Casos ‘comuns’
A prática de violência dos policiais em relação a crianças e adolescentes não é singular, é algo recorrente, de acordo com o sociólogo do Laboratório dos Estudos da Violência (LEV), César Barreira. “Existem denúncias muito fortes dessa prática, principalmente com adolescentes. Com criança é mais raro, mas existe”, afirma.
Segundo Barreira, a divulgação do envolvimento de crianças em delitos, como arrastões, afetam o comportamento dos policiais. “A ação dos policiais vai decorrer disso, porque eles são chamados para fazer valer a lei e a ordem. Então é criado todo um apelo social, para que ajam dessa forma. Eu não concordo com a prática”, comenta.
Para evitar casos como esse, o sociólogo sugere que o treinamento e a punição dos policiais sejam diferentes. “A formação tem que ser mais complexa. Eles precisam saber lidar com a juventude, com as crianças, com a questão de gênero e do turismo”. Barreira espera ainda que a punição seja mais rígida. “Tem que ser, para poder servir de modelo, refletindo a atitude dos outros”.
Centro de Defesa
O assessor jurídico do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), Rafael Barreto, também acredita que a situação é preocupante, “porque as pessoas entendem as crianças de baixa renda como criminosas”.
Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), toda criança e adolescente tem direito à liberdade, respeito e dignidade. “Mas lógica utilizada, infelizmente, é bater para corrigir. A gente tenta ressaltar que essa lógica tem que mudar”, diz Barreto.
No Ceará, para denunciar casos de violência contra menores de idade, deve-se ligar para a Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa), por meio do telefone (85) 3101.2044, ou para o Cedeca, (85) 3252.4202
Fonte: Tribuna do Ceará
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