Em duas unidades de saúde de Fortaleza, médicos estrangeiros recebem acolhida calorosa de colegas e pacientes que organizam Chá de Casa Nova e oferecem o carinho para quem está em país estrangeiro
Em alguns momentos, podemos ser a morada do outro. Seja com acolhida, atenção, vontade de tornar a vida menos estranha quando longe de casa. E o processo de se sentir em casa em país estrangeiro pode ser melhorado quando a acolhida da comunidade é calorosa. Para alguns dos médicos cubanos que estão em Fortaleza por meio do programa Mais Médicos, o carinho de colegas e das pessoas por eles atendidas têm sido uma grata surpresa.
Entre diversas polêmicas envolvendo o programa e o salário realmente recebido pelos profissionais, aqueles que atuam na Capital completam cinco meses de adaptação à cidade. Em duas unidades de saúde, usuários e profissionais se mobilizaram para promover Chá de Casa Nova para os novos médicos, cujo contrato de permanência na cidade é de três anos.
“A gente quer que eles se sintam acolhidos e a casa faz parte disso. Eles conquistaram as pessoas pela simpatia, pela competência”, comenta Minuchy Mendes, coordenadora da Unidade de Saúde Humberto Bezerra, no bairro Antônio Bezerra.
Uma usuária sugeriu um Chá de Casa Nova que mobilizou a unidade. “O importante é tornar a vida deles aqui a mais parecida possível com a de lá”, complementou a gestora. Para o médico Olyedis Cabreja Zuniga, a ideia do Chá foi inesperada.“Não é um costume cubano. Ficamos surpresos”, comentou envergonhado. Ele a esposa, Diamela de La Cruz, que também é médica, chegaram ao Brasil em outubro e começaram a trabalhar na unidade recém-reformada em novembro.
Entre atendimentos das crianças da comunidade, o médico, que tem mestrado em Atenção à Criança, relembra o receio da chegada, uma vez que sabiam da hostilidade sofrida por um grupo em Fortaleza. No entanto, o médico ressalta que a experiência tem sido muito boa e sem problemas. Ele e a mulher já contam com colegas e amigos no cotidiano cearense.
Perto de casa
Na Unidade de Saúde Recamond Capelo, no Bonsucesso, duas médicas e um médico cubanos, também passaram por um processo de acolhida que ultrapassou as paredes do local de trabalho. Cansados do hotel custeado pela Prefeitura por um período que já chegava a três meses, eles contaram com a ajuda de colegas para buscar um apartamento para dividir.
Alguns profissionais acharam um apartamento no bairro João XXIII e resolveram ceder móveis para mobiliar o local e facilitar o dia a dia dos cubanos. Além disso, um Chá de Casa Nova denominado Mão Amiga também foi organizado, com direito a café da manhã especial para entregar os presentes.
“A gente se mobilizou porque viu o interesse deles pela comunidade. A população está muito satisfeita. Foram três anjos que colocaram aqui”, afirma uma das organizadoras mais animadas do Chá, a auxiliar de enfermagem Jeanine Oliveira.
A médica cubana Soraida Vaillant, que trabalha no local com Raul Galindo e Niurves Maché, conta que a recepção provocou uma mescla de emoção e muita vontade de trabalhar. “Estou muito contente com a coletividade do trabalho aqui, a gente se ajuda”, detalha Soraida, que, além de Cuba, morou na Venezuela e na Namíbia a trabalho.
Sobre o Chá de Casa Nova, ela disse que ficaram surpresos e felizes com a mobilização de todos. Para Soraida, a experiência em diferentes países fez com que não nutrisse grandes expectativas sobre a chegada. “Estou acostumada a diferentes lugares, culturas e recepções”, complementa.
Saiba mais
Fortaleza conta com 97 médicos do Programa Mais Médicos, faltando 20 para completar a demanda inicial do município.
Até a terceira etapa do Programa, o Ceará recebeu 730 médicos no Programa, o que representa 97% da meta estipulada pelo Governo. Até abril, a previsão é atingir os 100%, segundo Odorico Monteiro, secretário de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde.
Fortaleza recebeu, na última segunda-feira, 138 médicos cubanos para atuarem na quarta etapa do Programa Mais Médicos, do Governo Federal.
Até o dia 20 de março, mil profissionais devem chegar a Fortaleza para participarem de um curso preparatório durante três semanas.
Os cubanos terão aulas com conteúdo relacionado a aspectos de saúde pública brasileira e noções de Língua Portuguesa ministradas em um hotel de Beberibe, onde serão instalados os profissionais.
Fonte: O Povo
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