Casal é preso em Fortaleza por fraude com chaves pix em doações para vítimas das enchentes

Casal é preso por desviar dinheiro que deveria ser destinado a doações para o Rio Grande do Sul — Foto: Divulgação

Nesta quinta-feira (13), um ator e uma influenciadora digital, ambos de 50 anos, foram presos em Fortaleza sob a acusação de fraudar chaves Pix para desviar doações que seriam destinadas às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.

De acordo com investigações conduzidas pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, o casal criou 235 chaves Pix distintas para fraudar diversas campanhas de arrecadação de donativos. Apenas durante o mês de maio, os suspeitos criaram novas chaves todos os dias.

Embora as identidades dos suspeitos não tenham sido reveladas, a polícia informou que o casal é composto por um ator que se apresenta como comediante e se define como “recitador, interessado em cinema e TV”, e uma influenciadora digital com mais de 26 mil seguidores nas redes sociais, que também se apresenta como apresentadora de rádio e atriz de uma série televisiva.

Como Funcionava a Fraude

Conforme a polícia, o esquema funcionava da seguinte maneira:

  1. Criação de Contas Bancárias Falsas: Utilizando documentos falsos, o casal criava contas bancárias.
  2. Identificação de Campanhas Reais: Eles procuravam nas redes sociais campanhas legítimas que arrecadavam dinheiro para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.
  3. Criação de Chaves Pix Falsas: Com as contas falsas, o casal criava centenas de chaves Pix.
  4. Alteração das Chaves nas Campanhas: Eles divulgavam as campanhas reais, mas alteravam a chave Pix para que o dinheiro fosse depositado nas suas contas. Normalmente, a alteração consistia em modificar apenas um dígito da chave verdadeira, induzindo os doadores ao erro.

Campanhas de influenciadoras digitais como Paola Saldívia e Deise Falci foram lesadas pelo casal. Os golpistas alteravam apenas um dígito das chaves, induzindo ao erro possíveis doadores de boa-fé.

As influenciadoras, que arrecadavam valores para o cuidado de animais resgatados das enchentes, notaram que vários seguidores reportaram um destinatário diferente do anunciado na campanha, levando a polícia a iniciar a investigação.

“Em duas campanhas específicas, de duas influenciadoras digitais muito grandes do Rio Grande do Sul, começaram a surgir relatos de que as doações não estavam indo para as beneficiárias corretas. Isso chamou nossa atenção, iniciamos as investigações e, com o avanço delas através de meios tecnológicos, conseguimos chegar até esse casal no Ceará”, disse o delegado João Vitor Heredia, da Delegacia de Crimes Informáticos e Defraudações do Rio Grande do Sul.

Operação Dilúvio Moral

A prisão faz parte de mais uma fase da Operação Dilúvio Moral, que visa reprimir práticas criminosas virtuais aproveitando-se da situação das enchentes no Rio Grande do Sul para obter vantagens ilícitas. A ação contou com o apoio operacional da Polícia Civil do Ceará.

Até o momento, o grupo de Delegados e Agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) já analisou mais de 60 casos. Destes, cerca de 70% já foram concluídos, resultando na instauração de mais de 30 inquéritos, além de investigações em andamento a fim de responsabilizar os identificados.

Dentre os casos analisados, preliminarmente já foi possível a retirada do ar de 71 páginas, contas e publicações criminosas, criadas com o fim exclusivo de induzir a erro a população em geral, o que impediu um enriquecimento ilícito de dezenas de milhares de reais.

Com informações com G1

Zeudir Queiroz

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