Jornalista da TV Verdes Mares, afiliada à Rede Globo no Ceará, descobriu irmã biológica quando procurava um doador de medula. A irmã da repórter recebeu, aos 30 nos, o nome do pai.
Gratidão. Esse é o sentimento que a repórter da TV Verdes Mares Marina Alves sente. É o primeiro natal que ela passa depois do transplante de medula óssea e, dessa vez, com uma pessoa a mais na família: sua irmã Lumara Sousa.
Marina foi “filha única” por 33 anos, quando descobriu a existência de Lumara, irmã por parte de pai. As duas se conheceram num momento extremamente difícil para Marina, quando ela estava à procura de um doador de medula óssea após ter descoberto um câncer.
Marina foi diagnosticada, há 1 ano e quatro meses, com um linfoma linfoblástico de células T, um tipo de câncer grave que destrói as células de defesa do organismo. Logo após a descoberta ela já foi internada para iniciar o tratamento com sessões de quimioterapia.
Hoje, oito meses depois do transplante de medula, Marina e Lumara não querem mais perder tempo. Lumara, inclusive, recebeu o nome do pai na certidão de nascimento. Até então ela tinha apenas o nome da mãe.
Como Marina e Lumara se conheceram
Marina conheceu Lumara antes de saber do parentesco, durante o tratamento do câncer em um hospital particular de Fortaleza, onde a irmã dela trabalha como técnica de enfermagem.
Marina precisou passar por várias sessões de quimioterapia. Em uma delas, a repórter teve uma reação, foi transferida para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e necessitou de uma transfusão de plaquetas. A bolsa foi levada por Lumara, que estava de plantão no banco de sangue do hospital, já seguia Marina nas redes sociais e até havia comentado virtualmente com ela sobre a semelhança.
“Um dia que eu estava bem mal, fiquei com um lado do corpo paralisado, precisei ir para a UTI, foi a Lumara quem foi levar uma bolsa de plaquetas para a transfusão para mim na UTI. No hospital elas já andam com todos os equipamentos de proteção, mas por conta da pandemia ela estava ainda mais paramentada e mesmo assim pelo olhar, pelas fotos que eu já tinha visto dela, eu reconheci. Olhei para ela e aquilo, naquele momento tão angustiante para mim, me tranquilizou de alguma forma. Ter alguém próximo, ter alguém que eu conhecia e nem sabia ainda que era minha irmã”, disse Marina.
“Eu tava na cabeceira, no pezinho dela. E aí eu tava de máscara, de gorro, de avental, farda, tudo; só apareciam os olhos, né? Até que a Marina começou a olhar para o lado, para o outro, quando ela fixou o olhar em mim ela levantou a cabeça e eu só sorri, tipo ‘eu tô aqui e vai dar certo’, mas a gente não trocou palavras. Essa foi a primeira vez que a gente teve contato”, relembra Lumara.
A primeira troca de olhares entre elas, que ainda não sabiam que eram irmãs, intensificou a relação que as duas já tinham nas redes sociais, o que começou há 4 anos, quando Lumara passou a seguir Marina após ouvir comentários de familiares e amigos sobre a semelhança com a repórter.
“A primeira vez que eu vi ela foi no jornal e aí eu já achei a semelhança. Depois eu comecei a seguir ela nas redes sociais e eu comecei a ver que tem algumas coisas que parecem mais. Os olhos, o sorriso, são o que parecem mais, mas até então nada que chamasse muita atenção, pois muitas pessoas se parecem”, relembra Lumara.
No início, Lumara enviou mensagens a Marina, que também achou a técnica de enfermagem parecida com tias e primas que ela tinha, mas nada que levantasse suspeitas. A amizade nas redes sociais ultrapassou as telas com o diagnóstico de Marina, que fez campanhas em busca de um doador, raro entre pessoas que não são da família, já que ela acreditava ser filha única.
“A medida que o tempo ia passando e que eu não ia encontrando um doador compatível, as equipes me diziam que não tinham encontrado ninguém com a compatibilidade suficiente para o transplante de medula, eu fui ficando cada vez mais triste, mais desanimada, com a fé até um pouco abalada, me perguntando, me questionando o tempo todo por que aquilo estava acontecendo comigo, por quanto tempo mais eu ia ter que passar por isso, até que a Lumara surgiu”, afirma a repórter.
Como já tinham tido o primeiro encontro, Marina pediu permissão à equipe médica para receber a visita de Lumara. Foi quando as duas começaram as ligar os pontos que entrelaçavam as histórias delas.
“A mãe da Lumara cuidou de mim quando eu era criança e nessa época ela teve um envolvimento rápido com o meu pai e os dois perderam o contato. […] Nesse dia a gente teve uma conversa mais aprofundada sobre a nossa infância e despertou ‘será que existe alguma possibilidade de parentesco?’”, relata Marina.
Compatibilidade
Marina estava em casa, de alta entre os ciclos de quimioterapia, quando recebeu a ligação do médico informando sobre o achado do doador compatível, que seria Lumara, a irmã que ela até então não sabia da existência.
“Meu médico me ligou e deu a notícia, disse que a Lumara era cinquenta por cento compatível comigo, justamente os cinquenta por cento do meu pai e que até então ela seria minha doadora. No exame HLA, que é feito para saber a compatibilidade, também tinha mostrado esse parentesco, nós éramos irmãs. Então, além da doadora, eu descobri que tinha uma irmã naquele momento. Isso, claro, me deixou surpresa, feliz, um misto de sentimentos até difícil de explicar”, afirma Marina.
“Quando veio a notícia, aí veio aquele misto de sentimentos, de ansiedade, a vontade de gritar pro mundo inteiro. […] Então foi decidido que a doadora dela, realmente, seria eu”, disse Lumara.
Fonte: https://g1.globo.com/
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