Festa das Almas concilia tradição e modernidade em Ocara

Tradicional cortejo e show de bandas populares fazem parte do evento, que compõe a agenda cultural Ocara. Com o raiar do dia 2 de novembro, terminou a Festa das Almas de Ocara. O evento é o principal da agenda cultural do município, localizado no Norte do Estado, a 101 Km de Fortaleza. O evento sempre acontece na véspera do Dia de Finados e tem esse nome por se iniciar com uma procissão que sai da Igreja Matriz em direção ao Cemitério Público Pai Dodó. O cortejo quase centenário não sucumbiu ao sucesso da festa que toma conta da praça principal da cidade, com música e comércio Foto: Eduardo Queiroz A festa traz a vida para animar a morada dos mortos. O cemitério fica aberto por toda a madrugada. “Há 20 anos, vendo arranjos e coroas de flores na Festa das Almas. Quando a amanhece o dia, tenho vendido quase tudo”, conta Cláudia Batista, 44, comerciante de Horizonte que trouxe 80 coroas e 50 arranjos. Oficialmente, a festa começa às 18h, com a Romaria das Almas Vivas. Na prática, a população e os visitantes se animam desde o começo do dia. Barracas de comércio já estão montadas e operando desde cedo; as ruas são tomadas de carros e motos, que estacionam onde encontram espaço; e os bares ficam cheios. Eles antecipam a programação da noite, que tem bandas de forró (a depender do ano, de ritmos populares da moda), barracas de bebida e comida. No cemitério, também se percebe animação. Ali, encontramos familiares remoçando os túmulos de seus entes queridos. São os últimos de uma leva que, durante a semana, deu novas cores, flores e fitas ao campo santo. Os mais abastados preferem pagar pelo serviço. Convivência Mais do que tensão, entre o sagrado e o profano, o que se vê na Festa das Almas de Ocara é uma convivência entre esses dois polos. As programações são alternadas. O tradicional cortejo é quase centenário (a data inicial é imprecisa, mas localizada entre 1919 e 1924) e não sucumbiu ao sucesso massivo da festa que toma a principal praça da cidade, no mesmo dia, seguindo a fórmula que se repete no Interior: som estridente, bandas, comércio de comidas e bebidas. “Tem que ser assim. De festa, todo mundo gosta. Mas a gente tem que respeitar o nosso espaço e o deles (os mortos)”, disse a aposentada Raimunda Ferreira dos Santos, 83, que visitava os túmulos do pai e do marido depois da procissão. Na noite de sexta-feira, a romaria com cerca de 100 pessoas deixou a Matriz de Ocara às 18h20. Os devotos voltaram do cemitério depois das 21h. Foi a senha para a Prefeitura de Ocara intensificar a programação de sua 9ª Mostra de Cultura Popular, que levou cerca de 20 mil pessoas à Praça de Eventos (localizada por traz da Matriz). No cardápio de atrações, música sertaneja (Luis Marcelo & Gabriel) e forró (Forró dos Plays e Pé de Ouro). DELLANO RIOS EDITOR DO CADERNO 3

Diário do Nordeste
Zeudir Queiroz

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