A crise hídrica tem motivado a implantação do Projeto Água Doce, aproveitando águas salobras do subsolo
FOTO: CID BARBOSA
Boa Viagem. O Governo Federal liberou R$ 24 milhões para incremento do “Água Doce” no Ceará. O programa, coordenado pela Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH) do Governo do Estado, tem como objetivo o acesso à água de boa qualidade para o consumo humano, promovendo e disciplinando a implantação, a recuperação e a gestão de sistemas de dessalini-zação ambiental e socialmente sustentáveis. Implantado em 2008 no Estado, atende prioritariamente as populações de baixa renda em comunidades difusas do semiárido. Boa Viagem, no Sertão Central, será um dos primeiros municípios do Ceará beneficiados.
Segundo o coordenador do Água Doce no Ceará, Gianni Lima, os recursos, oriundos do Ministério do Meio Ambiente (MMA) serão utilizados na aquisição de equipamentos usados na dessalinização de poços profundos. Eles vão garantir o consumo de água salobra, dessalinizada, em 45 municípios do Ceará. No Sertão Central 11 municípios serão contemplados com o programa. Essa é uma ação estruturante em parceria direta com os municípios.
O objetivo é diminuir a carência das comunidades que não têm acesso à água de qualidade. O programa pretende desenvolver a gestão sustentável dos sistemas com auxílio das comunidades na operação e nos cuidados dos equipamentos.
O secretário de Agricultura e Pecuária de Boa Viagem, Jonas Vieira, confirmou a inclusão de seis comunidades rurais do seu Município. Receberão o sistema que garante o tratamento de água salobra. Atenderá cerca de 200 famílias.
Critérios
Foram escolhidas a partir de análises de técnicos do programa, levando em consideração a viabilidade de instalação dos sistemas. Essa é uma ação estruturante com parceria direta com os municípios. O programa só atende comunidades com no máximo 15 famílias. Cada localidade precisa ter um poço profundo com vazão de mil litros por hora. Todavia, de acordo com Vieira, as comunidades deverão ter acesso à água dessalinizada somente após o período eleitoral. O programa não é considerado emergencial. Por esse motivo há demora no processo de elaboração dos projetos e licitações para aquisição dos equipamentos. Outro ponto negativo apontado por ele está a quantidade de sistemas disponibilizados para o Município. Pelo menos outras 15 comunidades precisam do dessalinizador. Conforme o MMA o programa vai implantar e recuperar 222 sistemas de dessalinização nos 45 municípios mais críticos do Ceará. Mais de 89 mil pessoas serão beneficiadas com água potável. A região é uma das mais críticas em termos de águas subterrâneas. Cerca de 80% do seu território encontra-se sobre o embasamento cristalino, onde predominam solos rasos.
Sais
Os poços localizados nessas zonas cristalinas, em sua maioria, apresentam concentrações de sais que colocam em risco a saúde humana. “Esse programa demonstra o compromisso do Governo Federal, em parceria com o Governo do Ceará, de ampliar a segurança hídrica para a população rural do semiárido brasileiro, como medida de adaptação às mudanças climáticas, em face da seca que assola a região nos últimos três anos”, havia afirmado a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, através do portal oficial do órgão federal.
Ainda de acordo com o MMA, a primeira fase do convênio já foi concluída pelo Ceará. No total, 67 comunidades foram diagnosticadas nos 48 municípios mais críticos do semiárido cearense. O convênio prevê a realização de 667 diagnósticos técnico-ambientais e 444 testes de vazão em poços profundos. “A liberação dos recursos que ora tem lugar permitirá o início da fase de implantação dos sistemas de dessalinização do Programa Água Doce”, havia destacado o secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do MMA, Ney Maranhão.
Mesmo assim, muitos gestores reclamam da demora na instalação dos sistemas de dessalinização. A espera chega a mais de ano, reclama o secretário de Agricultura de Ibicuitinga, Cristiano Oliveira. Seu município foi um dos contemplados, mas apenas com um dessalinizador. Na avaliação dele pelos menos outras seis comunidades precisam desse tipo de assistência.
Com três décadas de experiência no campo, o assessor técnico da Secretaria de Agricultura de Quixadá, Charles Macedo, considera o dessalinizador uma alternativa viável para todo o semiárido. Entretanto, entende que é necessário haver independência e conscientiza-ção das comunidades para manutenção desses sistemas.
Mais informações:
Secretaria dos Recursos Hídricos
Centro Administrativo
Av. General Afonso Albuquerque Lima, S/Nº – Cambeba
Telefone: (85) 3101.3995
Lista das cidades beneficiadas
Alex Pimentel
Colaborador
Fonte: Diário do Nordeste
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