Ecoelce ajuda a mudar panorama da coleta seletiva no Interior do Estado

O programa já atendeu 430 mil clientes, recebeu 17.650 ton de resíduos e pagou R$ 2.354.787,18 de bônus

Quixadá. A coleta seletiva de lixo, principalmente a doméstica, ainda está muito distante de se tornar uma realidade, mas um programa ambiental realizado pela Companhia Energética do Ceará (Coelce) está mudando gradualmente o comportamento da população, principalmente nas cidades do Interior. Quixadá, no Centro do Estado, é um exemplo. A cidade acaba de ganhar sua primeira unidade fixa do Programa Ecoelce. Nela, os clientes trocam resíduos sólidos recicláveis por bônus na conta de energia. Somando-se às ações realizadas em Quixeramobim, município vizinho a Quixadá, segundo a Coelce, o Programa Ecoelce já arrecadou 1.283.683,26 Kg de resíduos nesta região. Essas toneladas de lixo reciclável viabilizaram cerca de R$ 140 mil em descontos na conta de energia de muitos clientes, desde seu início no Sertão Central, em 2010. Esses avanços positivos e significativos estão transformando a região numa potencia, ao ponto de ganhar a sua primeira unidade fixa, avalia a Coelce. O ponto fixo foi inaugurado recentemente. Atende de segunda a sexta-feira, das 7 às 17 horas, na Praça da Catedral, localizada no Centro de Quixadá. O município possuía apenas pontos móveis, onde uma equipe do Ecoelce segue até as comunidades e eventos na região realizando o recolhimento dos resíduos. Agora, mesmo quem mora em localidades mais distantes pode realizar a troca quando viajar para o Centro. A maior parte dos carros estaciona no entorno da praça onde o ponto foi instalado. Para participar, qualquer cliente, pessoa física ou jurídica, deve se cadastrar no programa. Para isso, basta apresentar a conta de energia em qualquer loja de atendimento ou nos pontos de coleta e receber o cartão do Ecoelce. Após o cadastro, o cliente poderá levar todos os resíduos pré-separados por tipo até o ponto de coleta de sua preferência. Utilizando uma máquina como as de cartão de crédito e um sistema online, os resíduos são pesados e o valor em bônus é creditado automaticamente na conta de energia do cliente. Cada resíduo tem seu valor em quilo, unidade ou litro. Caso o valor da bonificação seja superior ao total da conta, o excedente é creditado automaticamente na fatura seguinte. Os resíduos que podem ser reciclados com o projeto são papel e papelão; garrafas de plástico de refrigerante (garrafas PET); latas de cerveja e refrigerante; embalagens tipo longa vida; embalagens de vidro, de garrafas de cerveja, refrigerantes, copos, vidro de café, aguardente; ferros em geral, arames e pregos; plásticos, de embalagens de detergente, água sanitária, margarina, copos e óleo de cozinha. Conforme a Coelce, em atuação no Ceará desde janeiro de 2007, o programa Ecoelce já atendeu cerca de 430 mil clientes cadastrados, contabilizou mais de 17.650 toneladas de resíduos e concedeu R$ 2.354.787,18 em bônus na conta de luz. O projeto conta atualmente com 102 postos fixos e móveis, entre Capital e Interior do Ceará. Além de Quixadá, Aquiraz, Caucaia, Maracanaú, Maranguape, Barreiras, Camocim, Campos Sales, Capistrano, Caririaçu, General Sampaio, Hidrolândia, Independência, Juazeiro do Norte, Morada Nova, Pacajus, Sobral e Tauá possuem postos fixos. Itapiúna também se destaca, com 16 pontos móveis. Quixadá vem logo em seguida, com seis. Sustentabilidade Na avaliação do gerente de Eficiência Energética da Coelce, Odailton Arruda, o hábito da coleta seletiva doméstica está crescendo gradativamente no Ceará, mas o sucesso desse processo depende do interesse dos dois pontos extremos dessa logística, de um lado quem tem e do outro quem precisa da matéria-prima reciclável. Nesse aspecto, do incentivo à formação desse elo, o modelo do Ecoelce está sendo imprescindível. Quixadá é citado como exemplo. Desde a implantação do programa, já recolheu 1.200 toneladas, enquanto em Sobral até agora os números foram de 500 toneladas. O conceito de sustentabilidade do Ecoelce objetiva assegurar o progresso econômico em relação ao crescimento do mundo. Além dos componentes de resíduos gerarem matérias-primas, a iniciativa também contribui para a redução do problema de destinação do lixo, aumenta o poder de compra da população, valoriza a cidadania e ainda contribui para reduzir o número de clientes inadimplentes. O Ecoelce já recebeu reconhecimentos nacionais e internacionais. Dentre outros, foi eleito pela revista Exame em conjunto com o Monitor Group uma das 25 melhores inovações brasileiras da última década e foi um dos dez ganhadores do World Business and Development Awards (WBDA), premiação da Organização das Nações Unidas (ONU), como um dos projetos mais importantes quanto ao seu alinhamento com os princípios do Pacto Global, estando entre os 20 mais relevantes no mundo. Alex Pimentel Colaborador Fonte: Diário do Nordeste