Um grande número de pessoas esteve presente na manhã desta segunda-feira (15) no cemitério Parque da Paz para o sepultamento do padre Elvis Marcelino, vítima de latrocínio no último sábado (14), na praia de Iracema. Parentes, amigos, religiosos e membros da comunidade piamartina fizeram questão de se despedir do sacerdote. Emocionada, a mãe do religioso não compareceu ao funeral.
Corpo de padre Elvis Marcelino foi sepultado nesta segunda-feira. Foto: Wilson Medeiros
O irmão de padre Elvis, Eudes Lima, disse que o trabalho social de religioso não pode parar. “A história não termina aqui. Continuaremos o trabalho da congregação, um trabalho de ajudar os adolescentes, o que era um sonho dele. Fica a dor, mas o divino vai fazer com que a gente supere”, disse. Já com relação aos assassinos, o irmão da vítima espera por justiça. “Tanto a sociedade, que preza por uma justiça melhor, quanto a família querem que a justiça divina e que a justiça do homem prevaleçam sobre o mal”, concluiu.
Já o padre Giancarlo Caprini, da congregação dos piamartinos, falou do amor com que Elvis cuidava dos jovens da comunidade. “Ele gostava muito das crianças e as crianças gostavam muito dele. Ele vinha desenvolvendo um trabalho junto aos jovens desde 2008 e isso foi muito importante para a vida sacerdotal dele”, disse. Padre Caprini disse também que recebeu uma mensagem de condolências do padre Enzo Turriceni, superior da ordem dos piamartinos. Na carta, o líder religioso disse que os assassinos não devem ser alvo de ódio, mas sim de orações, para que “a ação de morte e suas consequências provoquem uma mudança profunda no vosso coração e possais começar a amar a vida”. Padre Caprini disse também que o líder dos piamartinos virá da Itália para a missa de 7º dia do padre Elvis, que será realizada no próximo dia 23.
Arcebispo de Fortaleza diz que sentimento da igreja é de pedir misericórdia a assassino
Antes do sepultamento, o arcebispo de Fortaleza, Dom José Antonio, enfatizou o pedido por “misericórdia” como parte do sentimento da igreja, durante a celebração da missa de corpo presente de padre Elvis, realizada na Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, no bairro Montese. Dom José lamentou o crime e pregou que a justiça “olho por olho” não trará resultado.
“As pessoas devem acreditar que existe perdão, que existe amor. Essa coisa de justiça, de bateu levou, tem que acabar. Isso não transforma a vida de ninguém. As prisões estão cheias e saem sempre mais bandidos. Não é assim que se cura a violência da sociedade. Se cura, curando corações humanos. Isso é o que precisa ser feito”, afirmou, ao sair da celebração.
Alunos do Piamarta lamentam a morte e descartam sentimento de vingança
O estudante Roberto Taylor conviveu com o Padre Marcelino no colégio Piamarta, onde o religioso trabalhava. Emocionado, o jovem diz que o sentimento é da perda de um pai. “Ele era uma pessoa que dava pra gente muito carinho, muito amor. Tudo o que a gente precisava, ele nos ajudava. Ele era como um pai, que deu a vida pelos seus filhos. eu nunca pensei que isso fosse acontecer” disse o jovem.
Já Marcos Cruz, também aluno do Piamarta, disse que o sentimento de vingança não trará o padre de volta à vida. “Muitos dos meninos sentem um ódio, um desejo de vingança, de fazer o mesmo com quem matou o padre Elvis, mas isso não vai trazer ele de volta”. Para o estudante, o religioso deixa um grande legado para as pessoas. “Ele era como um pai pra todos nós. O modo tranquilo dele conversar com a gente, de nos ensinar, até mesmo na hora de dar uma bronca, um conselho, tudo isso é coisa que ele deixa pra gente”, finalizou.
Fonte: Diário do Nordeste
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