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Chuvas no Ceará não asseguram um bom aporte de água

O Rio Jaguaribe, na Velha Jaguaribara, continua com o nível baixo, apesar das últimas chuvas. As regiões Jaguaribana e do Maciço de Baturité são as com o menor nível de precipitações neste ano ( Fotos: Ellen Freitas )
O Rio Jaguaribe, na Velha Jaguaribara, continua com o nível baixo, apesar das últimas chuvas. As regiões Jaguaribana e do Maciço de Baturité são as com o menor nível de precipitações neste ano ( Fotos: Ellen Freitas )

Juazeiro do Norte/Itapipoca/Jaguaribara Após as intensas chuvas registradas em algumas regiões do Estado, o volume dos 153 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) subiu para 12,9%, graças ao aporte observado em 102 reservatórios, o que representou captação de 98.878.104 m³ de água. Entre os dias 28 de março e 4 de abril choveu, em média, segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), 67,7mm, o um desvio positivo de 33,4% em comparação com a média histórica para este período.

O açude Castanhão, maior reservatório do Estado e principal abastecedor da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), teve discreto aumento, passando para 9,74% do volume. O aporte superior a 20 milhões de m³ foi o segundo maior do Ceará, ficando atrás do açude do Orós, que recebeu 28.711.263 m³ de água.

Sangria inédita

O Açude Gameleira, de 2013, responsável por abastecer mais de 115 mil pessoas, em Itapipoca, no Litoral Oeste, também foi beneficiado com as últimas chuvas. A notícia da sangria inédita da barragem foi recebida com alegria pelos moradores, que já contavam com a cheia do Açude Quandu, no fim de março.

“Com a cheia do Gameleira, ficamos mais tranquilizados com a garantia de água por muito mais tempo; mas não podemos parar com as ações de combate à estiagem. Para darmos conta do abastecimento, também contamos com a parceria da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), que já garantiu abastecimento para 1.600 famílias e segue com previsão de atender, ainda, 3 mil famílias contempladas no projeto orçado em R$ 15 milhões”, afirmou Adams Castro, secretário de Agricultura.

Com a sangria do Gameleira e Quandu, o agricultor Rafael da Silva Braga voltou à atividade da pesca para reforçar a renda. “Eu tenho ficado um tempo no roçado e outro no açude, pescando, até pra variar um pouco a comida lá em casa, e conseguir um dinheiro extra”, disse.

Tristeza

Em contrapartida, algumas localidades seguem com pouca perspectiva de chuva, o que ainda entristece os agricultores. As raras precipitações em municípios da região Jaguaribana não são suficientes para trazer otimismo ao agricultor Nivaldo da Silva, morador do assentamento Barra II, em Jaguaribara.

Mesmo com o tempo nublado nas últimas semanas, ele conta que a última chuva razoável foi há 15 dias. “Deu pra colocar um pouco de água na cisterna e dar água e um dos sete açudes aqui da comunidade. Acho que as coisas não vão melhorar”, lamentou. O agricultor mora em uma das localidades para onde foram reassentados antigos moradores da Velha Jaguaribara, onde hoje fica o Açude Castanhão.

“Lá, a gente não sabia o que era passar necessidade de água porque sempre tinha no rio. Quando era época de pouca chuva tínhamos água e quando chovia bem, tinha cheia”, relembra Nivaldo. Ele acrescenta, ainda, que hoje só possui água para beber por meio de carros-pipa.

Segundo o meteorologista da Funceme Raul Fritz, as regiões do Baixo Jaguaribe e Maciço do Baturité “foram as menos beneficiadas pelas chuvas de fevereiro até agora”. Ele explica, no entanto, que “mesmo em algumas localidades que tiveram grande quantidade de chuva, as precipitações não foram suficientes para abastecer um bom número de reservatórios. Para dar aporte a um reservatório, a chuva precisa escoar para o leito do rio para que ele possa acumular a água, o que demanda algum tempo. Por isso, a necessidade de chuvas por mais tempo”, pontua.

Próximos dias

Segundo a Funceme, a tendência para os próximos três dias é de mais chuvas, com maior incidência no Norte. Entretanto, no fim da semana, a previsão é que as precipitações percam intensidade. Fritz explica que, mesmo em anos de estiagem, é comum a ocorrência de períodos bastantes chuvosos, seguidos por períodos com poucas precipitações, como vem acontecendo.

Entre as 7h de domingo e as 7h de ontem, a Funceme registrou precipitações em 99 dos 184 municípios cearenses. Todas as regiões do Estado foram banhadas pelas águas, com destaque, mais uma vez, para o litoral. Cruz teve o maior volume (73mm); seguida por Jijoca De Jericoacoara (63mm); Acaraú (56mm) e Amontada (52mm).

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Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/

Zeudir Queiroz