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Ceará: Chuvas ficaram abaixo da média

Açudes como o Carão, em Tamboril, ainda têm água devido ao porte FOTO: FABIANE DE PAULA
Açudes como o Carão, em Tamboril, ainda têm água devido ao porte
FOTO: FABIANE DE PAULA

Iguatu O mês de fevereiro recém-terminado voltou a registrar índices pluviométricos negativos em comparação com a média para o período, que é de 127.1 milímetros (mm). Choveu 106.8 mm, verificando um desvio negativo de 15.9 mm. Os dados são da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), que prevê para a quadra chuvosa de 2015, 50% de probabilidade de ocorrência de uma nova estiagem, totalizando um ciclo de quatro anos seguidos de seca.

Fevereiro é o primeiro mês da quadra chuvosa no Estado (fevereiro a maio). O olhar do sertanejo e das autoridades está voltado para março, que se inicia. Este mês traz uma esperança mística, a celebração do padroeiro do Ceará, São José. Comemorado no próximo dia 19, acredita-se que, se chover nessa data, o inverno está assegurado no sertão. É um mito. Não há correlação científica, mas, apenas coincidência com a passagem do equinócio de outono no hemisfério Sul.

As chuvas registradas em média em fevereiro último, 106.8 mm, depois de três anos seguidos de seca, foram as mais intensas para o período desde 2013. Já com o mês de janeiro passado ocorreu o inverso. A Funceme registrou apenas 28.8 mm, bem abaixo do que foi observado nos últimos quatro anos.

Queda

Os dados comparativos são úteis para observarmos que o sertão nordestino vem enfrentando queda na média pluviométrica desde 2012, quando as chuvas ficaram 50% abaixo da média histórica para o período de fevereiro a maio. Começou naquele ano o ciclo de estiagem que perdura até hoje. Para este ano, a Funceme prevê que a probabilidade maior é a ocorrência de pluviometria abaixo da média. O levantamento mais recente, divulgado no dia 20 de fevereiro, aponta um índice de 50% de chance de as chuvas ficarem abaixo da média. De ocorrência dentro da média, são 35%, e acima da média, apenas 15%.

A média histórica de precipitações acumuladas no Estado entre os meses de março, abril e maio é de 480,3 mm. Por se tratar do quarto ano consecutivo de seca, as chuvas registradas em 2015 pela Funceme mostram índices preocupantes e que podem agravar o quadro de escassez de água para o consumo humano e animal, tanto nos centros urbanos, quanto na área rural, além de queda acentuada da produção agropecuária.

A estatística mostra que, desde 2011, quando foram registrados em média 212.9 mm em janeiro, os índices obtidos no primeiro mês dos anos subsequentes só caíram. Neste ano, houve o menor registro, 28.8 mm, contribuindo para aumentar a preocupação dos produtores rurais e dos gestores públicos.

As previsões da Funceme vêm se verificando graças ao aprimoramento dos estudos, a ampliação de dados comparativos com temperatura dos oceanos Atlântico e Pacífico, a troca de informações com outros centros meteorológicos. A tendência de mais um ano de chuvas abaixo da média trouxe preocupação para o governo do Estado, que lançou, na semana passada, o Plano Estadual de Convivência com a Seca.

O Plano repete ações adotadas e em andamento nos últimos anos e tem por base a ampliação da oferta de água por meio de carro-pipa, de adutoras emergenciais e perfuração de poços profundos. Os críticos observam que a demora na conclusão e no início de obras é inimiga de um socorro emergencial às vítimas da estiagem.

Os reservatórios estão secando no Estado. O volume atual médio acumulado nos 149 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) é de 19%. São 127 barragens com volume abaixo de 30%. As situações mais críticas encontram-se nas bacias do Curu e dos Sertões de Crateús com açudes secos e outros secando rapidamente.

Sem água nos poços e nos açudes, as cidades enfrentam racionamento e o pior é que neste mês deve faltar água em 25 cidades do Interior do Estado do Ceará: Parambu, Coreaú, Moraújo, Senador Sá, Uruoca, Apuiarés, Itatira, Paracuru, São Luís do Curu, Jaguaretama, Ipaporanga, Novo Oriente, Forquilha, Groairas, Morrinhos, parte de Sobral, Santana do Acaraú, Ibicuitinga, Morada Nova, Itapajé, Tejuçuoca, Trairi, Iracema, Pereiro, São Gonçalo do Amarante. A previsão é do governo. Até o fim do ano, o risco de desabastecimento atinge 32 municípios e 400 mil habitantes.

“Teremos chuva”

O meteorologista da Funceme, Raul Fritz, observa que as precipitações vão ocorrer durante toda a quadra chuvosa. “Teremos chuvas, mas com tendência maior de ficarem abaixo da média histórica”, disse. “Vamos observar chuvas localizadas e podemos ter fenômenos intensos em alguns municípios”.

Expectativa

A expectativa é se as chuvas serão suficientes apenas para assegurar a lavoura de grãos ou suficientes para a recarga dos açudes. “Pode ocorrer o pior, nem uma coisa, nem outra”, teme o prefeito de Iguatu, Aderilo Alcântara. “O Ceará precisa de pluviometria intensa, enxurradas, que faça o nível dos reservatórios subir, evitando ampla crise de desabastecimento por mais tempo”.

Mais informações:
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) – Avenida Rui Barbosa, 1246, Aldeota – Fortaleza
Fone: (85) 3101.1088
Site: www.funceme.br

Honório Barbosa
Colaborador

Media

Fonte: Diário do Nordeste

 

 

Zeudir Queiroz