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Canindé encerra a tradicional festa de São Francisco com atos de fé

Os festejos alusivos ao santo foram repletos de missas, cumprimento de promessas, orações, novenas e outras manifestações religiosas ( fotos: Kléber A. Gonçalves )
Os festejos alusivos ao santo foram repletos de missas, cumprimento de promessas, orações, novenas e outras manifestações religiosas ( fotos: Kléber A. Gonçalves )

Canindé. demonstrou mais uma vez sua devoção por São Francisco das Chagas, padroeiro da cidade. Nos últimos 11 dias, inúmeras demonstrações de fé foram registradas por parte dos fiéis e devotos que se deslocaram até o município. Os festejos alusivos ao santo foram repletos de missas, cumprimento de promessas, orações, novenas e outras manifestações religiosas.

Na manhã deste domingo, houve a missa oficial de encerramento, celebrada pelo arcebispo de Fortaleza, dom José Antonio Aparecido Tosi. “Era um jovem que tinha ilusões com a grandeza. Se decepcionou. Encontrou o amor de Deus e descobriu o verdadeiro sentido da vida, a humildade, a simplicidade e o apreço por todas as coisas criadas por Deus”. Com essas palavras, o dom iniciou sua pregação. Pelo menos cinco mil fiéis compareceram ao evento, iniciado às 10 horas, na Quadra da Gruta.

Na tarde de ontem, o governador Camilo Santana participou da procissão que levou a imagem de “São Francisquinho” pelas ruas do Centro. Na ocasião, garantiu que o seu governo prioriza o abastecimento d’água em todo o Ceará. A imagem foi trazida para Canindé em 1775 e só deixa a Basílica uma vez por ano, no aniversário de São Francisco.

Camilo chegou acompanhado do ex-governador Cid Gomes; do presidente da Assembleia Legislativa, Zezinho Albuquerque; do deputado federal José Guimarães e do prefeito Paulo Justa. O governador expressou sua admiração por São Francisco de Assis, “que é exemplo para todos nós, por ter abdicado das coisas materiais para se dedicar aos mais necessitados, mais pobres e humildes”. Camilo destacou também que o papa Francisco vem pregando a humildade e a solidariedade no mundo.

Paz e bem

O frei Marconi Lins de Araújo, pároco de Canindé e reitor do Santuário de São Francisco, disse que “recepcionava o governador como São Francisco recebia a todos, dizendo paz e bem”. O frei fez aniversário ontem.

Neste ano, os fiéis celebraram os centenários da Basílica de São Francisco das Chagas e da Igreja do Cristo Rei, conhecida como Igreja do Monte, por estar localizada no ponto mais alto da cidade, afora os dez anos da estátua erguida em honra ao santo.

Desde a última sexta-feira, a fé dos romeiros podia ser comprovada por quem passava pela BR-020 a partir de Caucaia. No acostamento da concorrida estrada, caminharam milhares de devotos pagando promessa. Eles seguiam em grupos ou individualmente. “Nossa fé não tem preço. São Francisco merece nossa devoção”, afirmou a dona de casa Graça Salgado, que acompanhava um grupo que saiu a pé de Fortaleza.

Durante os onze dias de celebração, a partir das cinco horas da manhã, os fiéis se deslocavam até a Igreja de Cristo Rei, que, em 1952, teve construída em seu caminho a Via Sacra com suas 14 estações. Remodelada, a capela passou a ser a 15ª estação da Via Sacra: a Ressurreição de Jesus. Num trecho de subida de aproximadamente 500 metros, os fiéis visitam as estações para agradecer às promessas alcançadas. Muitos fazem o trajeto de ida e volta com pedras na cabeça como prova de devoção. “Venho todos os anos a Canindé desde 1977. Enquanto tiver saúde, estarei aqui nessa época do ano”, garante o aposentado Eugênio Costa dos Santos, de Fortaleza.

Sacrifício

Há quem esqueça o simbolismo do sacrifício e exagere, carregando pedras maiores do que se poderia imaginar. “Cada um sabe o tamanho da sua fé e da sua responsabilidade”, diz a dona Maria Almerinda Pereira da Costa, que veio do Maranhão de ônibus no último dia 29, com mais 50 pessoas. “Uso a bata de São Francisco desde o dia que saio de casa até regressar. Para mim, desde que tenha saúde, é obrigação vir agradecer a São Francisco pela minha saúde”.

Bem mais jovem, a estudante Ana Clara de Assis repete o mesmo trajeto. “O tamanho da pedra pouco importa. O significado maior está em seguir o homem que levou sua vida ajudando aos pobres e esquecidos. Que bom seria que todos praticassem o mesmo que ele fez na vida terrestre”.

Outro momento marcante dos festejos aconteceu na noite de sábado. A última novena em louvor a São Francisco, na Praça dos Romeiros, concentrou uma multidão calculada pela Prefeitura em cerca de 130 mil pessoas. Foram momentos de emoção e fé quando o frei Marconi Lins iniciou a celebração alusiva ao trânsito do santo desta vida em direção à eternidade.

Durante a maior parte da celebração, os fiéis acenderam velas ou acionaram seus celulares, iluminando o mar de gente. O frei Jonaldo Adelino enfatizou que São Francisco deixou muitos ensinamentos. “Ele decidiu abandonar o poder para servir a Deus, a ajudar os humildes e necessitados”, acrescentou Jonaldo Adelino .

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz