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A agonia do centenário açude Cedro em Quixadá

acude-do-cedro-secoConstruído como uma das primeiras obras do governo brasileiro para o combate à seca no país, por ordem de D. Pedro II, o imperial açude Cedro, localizado em Quixadá-Ceará, a cerca de 168 km de Fortaleza, continua lindo e, mesmo praticamente seco, atraindo a atenção dos turistas que visitam a terra de Rachel de Queiroz. “ Estou vendo o Cedro de um ângulo que jamais sonharia, de dentro dele, sem molhar os pés. É triste vê-lo assim, mais é muito lindo toda essa estrutura imponente ao lado desse outro fantástico monumento que é a pedra da Galinha Choca”, comentou um turista de São Paulo em visita à Quixadá.

O reservatório com capacidade para 126 milhões de metros cúbicos, foi construído sobre o leito do Rio Sitiá, cujo projeto teve início com Jules Revy por volta de 1882. Mas, suas obras foram iniciadas oficialmente em 15 de novembro de 1890, após algumas modificações no projeto, sob o comando do engenheiro Ulrico Mursa, da Comissão de Açudes e Irrigação, que mais tarde veio a se transformar no que hoje é o Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas). Em 1906, após várias interrupções, finalmente a obra foi inaugurada sob a direção do engenheiro Bernardo Piquet Carneiro.

Um grande número de pequenos açudes nos arredores da barragem, impedem a sangria do Cedro. A primeira vez ocorreu no ano de 1924, depois em 1925, 1974, 1975, 1986 e 1989. Nesses mais de cem anos, mesmo tendo sido ao longo da história a principal fonte de abastecimento da cidade, o reservatório imperial só secou totalmente nas secas de 1930, 1932, 1950, 1999 e agora 2016, após cinco anos seguidos de seca.

A sua importância histórica e beleza natural foi reconhecida em 1977 com o tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Além disso, o Açude Cedro pode receber o título de Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A solicitação foi feita pelo governo brasileiro, por intermédio do próprio Iphan. Se houver o reconhecimento na sede da instituição em Paris, a barragem será o primeiro atrativo cearense a contar com essa identificação, equiparada, entre outros exemplos no País, a Ouro Preto (MG) e Brasília, no Distrito Federal.

Por Rinaldo Róger DRT 5742/CE

Zeudir Queiroz