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Milton Nascimento recebe medalha Tigre da Abolição em Acarape neste dia 14

Nas comemorações dos 26 anos de emancipação política de Acarape, o artista e compositor, Milton Nascimento, é protagonista do momento mais esperado da festa. No dia 14, às 21h, o compositor recebe a maior comenda do município, a medalha Tigre da Abolição, um reconhecimento pelo trabalho dedicado a luta pelos direitos humanos e em favor das minorias. Na solenidade, participam o prefeito de Acarape, Franklin Veríssimo, vice-governador do Estado, Domingos Filho, reitora da UNILAB, Nilma Gomes e militantes do movimento negro no Ceará.

Com a presença do Milton Nascimento no evento, reforça a história da abolição dos escravos e a disparidade social e racial muito forte ainda em nosso país. Por sua passagem em Acarape, após receber a comenda, o artista fala sobre sua participação e luta durante a ditadura militar e as ações que tem desenvolvido para massificar a cultura afrodescendente no Brasil.

A população da cidade com pouco mais de 15 mil habitantes aguarda ansiosa pelo momento da homenagem rica para a história abolicionista. A cidade de Acarape é a antiga denominação de Redenção antes do feito abolicionista. A vila do Acarape foi elevada à categoria de cidade, com a denominação de Redenção, no final do século, a 17 de agosto de 1899. A região era habitada pelos índios Tapuias e Balurité sendo conhecida por vila dos índios, recebeu os índios expulsos da região de Jaguaribe.

O município de Acarape, antes conhecida como distrito de Cala Boca, recebia em sua estação ferroviária, os escravos que logo eram embarcados para as fazendas da região. Após sua emancipação, a cidade em constante transformação, já desenvolve projetos sociais e oferece a população um sistema de serviço público de qualidade em tão pouco tempo de existência.

Acarape carrega até os dias de hoje o simbolismo da repercussão política da manhã do dia 1 de janeiro de 1883, registrado pelo então Joaquim Nabuco, que escreveu em carta da Inglaterra, arrebata-se: ‘O Ceará é maravilhoso. Parece incrível que essa Província faça parte do Império. Acarape é mais do que um farol para todo o país; é o começo de uma pátria livre’. Raul Pompéia, o grande romancista, derrama-se em louvores: ‘O Acarape começa. Vai nascer o Futuro’. De volta ao Rio de Janeiro, José do Patrocínio denomina o Ceará de ‘Terra da Luz’

SOBRE MILTON NASCIMENTO

Milton Nascimento (Rio de Janeiro, 26 de outubro de 1942) é um cantor e compositor brasileiro, reconhecido mundialmente como um dos mais influentes e talentosos cantores e compositores da MPB. Conhecido também pelo apelido de Bituca. Gravou a primeira canção, Barulho de trem, em 1962. Em Três Pontas, integrava, ao lado de Wagner Tiso, o grupo W’s Boys, que tocava em bailes. Mudou-se para Belo Horizonte para cursar Economia, onde, tocando em bares e clubes noturnos, começou a compor com mais frequência; datam dessa época as composições Novena e Gira Girou (1964), ambas com Márcio Borges. Em 1998, ganhou o Grammy de Best World Music Album in 1997. Foi nomeado novamente para o Grammy em 1991 e 1995. Milton já se apresentou na América do Sul, América do Norte, Europa, Ásia e África.

O carisma pessoal e o gênio musical fazem-no ter o talento apreciado por muitos no mundo inteiro. A voz é considerada uma das maiores de todos os tempos na Música Popular. A capacidade de alcançar agudos muito altos, graças a seu privilegiado registro vocal, lhe garantiu a participação em vários trabalhos, seus e de outros artistas, aos quais adicionou vocalizes extremamente delicadas em arranjos primorosos.

ABOLIÇÃO EM UMA VILA

Nesse contexto, não cabe estranhar que, a 27 de janeiro de 1881, os jangadeiros, tendo à frente Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar, tenham assumido a responsabilidade histórica de proclamar: ‘No porto do Ceará não se embarcam mais escravos!’, frase atribuída a Pedro Arthur de Vasconcelos. O Governo, por todos os meios, tentou esmagar o movimento. Mas tudo em vão: os jangadeiros haviam abolido de fato o tráfico de escravos no Ceará.

Nada mais podia deter o movimento emancipador. A Sociedade Cearense Libertadora decidira, num gesto emblemático, alforriar todos os escravos de Acarape. Vale dizer – e aí a força do símbolo –, abolir a escravidão na pequena vila. A comissão da ‘Libertadora’, composta de João Cordeiro, Almino Affonso, Antônio Martins e Frederico Borges, que visitara Acarape em novembro de 1882 – incumbida da pregação –, empolgou a cidadania.

Assim, quando se instalou o ato libertário, a 1° de janeiro de 1883, com a presença de José do Patrocínio (que viera do Rio de Janeiro para o evento) e das mais significativas lideranças do Ceará, foram distribuídas as últimas cartas de alforria. Na pequenina vila, que logo mais se chamaria Redenção, todos se tornaram homens livres. Na verdade, rompera-se a cadeia da escravatura no elo mais frágil.

Não obstante as dimensões de Acarape, a repercussão política daquela manhã foi enorme. Joaquim Nabuco, em carta da Inglaterra, arrebata-se: ‘O Ceará é maravilhoso. Parece incrível que essa Província faça parte do Império. Acarape é mais do que um farol para todo o país; é o começo de uma pátria livre’. Raul Pompéia, o grande romancista, derrama-se em louvores: ‘O Acarape começa. Vai nascer o Futuro’. De volta ao Rio de Janeiro, José do Patrocínio denomina o Ceará de ‘Terra da Luz’.

Para mais informações:

Vicente Araujo

Assessoria de Imprensa de Acarape

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Zeudir Queiroz